UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANA
A IMPORTÂNCIA DO GERENCIAMENTO DE RISCO NO
TRANSPORTE RODOVIARIO DE CARGA
GUILHERME PISA QUEIROZ
Orientador:
Prof. Dr. Vicente Pacheco
CURITIBA
2013
GUILHERME PISA QUEIROZ
A IMPORTÂNCIA DO GERENCIAMENTO DE RISCO NO
TRANSPORTE RODOVIARIO DE CARGA
Monografia apresentado por Guilherme Pisa
Queiroz como exigência do curso de pós-graduação
em Gestão de Negócios da Universidade Federal do
Paraná sob a orientação do professor Dr. Vicente
Pacheco
CURITIBA
2013
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, também aos meus pais,
professores e a minha esposa que me proporcionaram base para
que pudesse terminar a pós-graduação.
RESUMO
Este trabalho tem o objetivo de oferecer subsídios suficientes para as firmas de
logística, que realizam transporte rodoviário de carga e para seus executivos e tomadores de
decisão, planejarem um gerenciamento de riscos baseado em modelos já existentes e
comprovadamente eficientes, aos quais identificaremos, gerando a identificação dos modos de
falha a que estão sujeitos às atividades relacionadas ao transporte, bem como sua frequência,
gravidade e graus de detecção, dessa forma, será possível transformar a incerteza total em
uma incerteza parcial e controlada, isso pode gerar valor agregado para empresa e negócios,
reduzindo a exposição aos riscos pertinentes a esses e criando um diferencial competitivo no
mercado de transportes rodoviários de carga.
Palavras Chave: Logística, Gerenciamento, Risco, Transporte Rodoviário.
Sumário
Sumário de Gráficos .................................................................................................................................7
Sumário de Tabelas ..................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................8
1.PROBLEMÁTICA .....................................................................................................................................9
1.2 Objetivo ..............................................................................................................................................9
1.2.1 Objetivo Geral .................................................................................................................................9
1.2.2 Objetivos Específicos .......................................................................................................................9
1.3 Metodologia .......................................................................................................................................9
1.4 SITUAÇÃO ........................................................................................................................................ 10
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................................................. 18
2.1 Risco ................................................................................................................................................ 18
2.2 História ............................................................................................................................................ 20
3. O GERENCIAMENTO DE RISCOS NO TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGA. ................................... 23
3.1 Planejamento .................................................................................................................................. 26
3.2 Ferramentas .................................................................................................................................... 26
4.
GERENCIAMENTO PARA MITIGAÇÃO DE RISCOS EM ACIDENTES ................................................. 33
4.1 Medidas Mitigadoras de Risco ........................................................................................................ 35
4.2 Aspectos relevantes ........................................................................................................................ 36
4.3 Seguro ............................................................................................................................................. 37
CONCLUSÃO .......................................................................................................................................... 41
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ............................................................................................................. 42
Sumário de Figura
FIGURA 1 – Mapa das Rodovias Federais do Brasil ............................................................... 11
FIGURA 2 – Exemplo de caminhão exposto ao risco.............................................................. 19
FIGURA 3 – Funcionamento de sistema de rastreamento por satélite..................................... 28
FIGURA 4 – Ilustração do sistema de acompanhamento via fone. ......................................... 28
FIGURA 5 – Escolta Armada ................................................................................................... 29
FIGURA 6 – Exemplo de comboio. ......................................................................................... 31
FIGURA 7 – Trafego em rodovias em más condições ............................................................. 34
FIGURA 8 – Exemplo de acidente rodoviário ......................................................................... 34
Sumário de Gráficos
GRAFICO 1 – Malha rodoviária .............................................................................................. 13
GRÁFICO 2 – Avaliação Malha Rodoviária ........................................................................... 13
GRAFICO 3 – Evolução Roubo de Cargas .............................................................................. 14
GRAFICO 4 - Roubo de cargas - Jan - Set /2011 - Ocorrencias Acumulado / 2011 ............... 15
GRAFICO 5 - Roubo de Cargas – Jan Set / 2011 -Valores ..................................................... 15
Acumulado / 2011 - R$ 214,154 Milhões ................................................................................ 15
Sumário de Tabelas
TABELA 1 - Matriz do Transporte de Cargas ......................................................................... 10
TABELA 2 – Resultado do mercado segurador no ramo de transportes ................................. 39
INTRODUÇÃO
Um dos maiores desafios do transporte rodoviário de carga é oferecer ao cliente um
serviço de confiança agregado ao menor tempo de transporte e evitando ou minimizando os
riscos que essa carga pode sofrer durante a entrega. Existem várias formas de se tratar os
riscos no transporte de carga, sendo que as principais são relacionadas à segurança das cargas
contra roubos e extravios. Destacando-se nesse sentido a aquisição de apólices de seguros e a
prática de medidas de segurança como, por exemplo, a utilização de sistemas de rastreamento
e monitoramento para gerenciar estes riscos. Conforme afirma TOSCANO (2002) o
gerenciamento de risco visa planejar as ações de prevenção de riscos operacionais
relacionados à segurança das cargas transportadas, objetivando reduzir e minimizar o índice
de sinistros, garantir a qualidade dos serviços prestados e o cumprimento dos prazos de
entrega contratados. Além disso, algumas companhias seguradoras, diante do aumento do
número de ocorrências de roubo nos últimos anos, condicionam a contratação do seguro à
implantação de gerenciadores do risco e a utilização de medidas de segurança como, a
utilização de escolta armada, implantação de sistemas de rastreamento, dentre outras.
1.PROBLEMÁTICA
O panorama do setor de transportes apresentado anteriormente demonstra claramente
diversas situações em que as empresas de transporte rodoviário de cargas enfrentam situações
de risco.
As empresas contratantes do serviço de transporte rodoviário de cargas já demonstram
uma grande preocupação com relação aos riscos inerentes a este serviço caracterizados pelo
panorama atual do setor no Brasil e passam a exigir que as empresas prestadoras de serviço
deste setor passem a ter o gerenciamento de risco como um fator determinante na contratação
do serviço. Sendo assim, este estudo pretende responder ao seguinte problema de pesquisa:
Quais as melhores práticas do gerenciamento de risco no transporte rodoviário para
mitigação de risco?
1.2 Objetivo
Nesta seção apresentam-se os objetivos desta pesquisa que podem ser divididos em
geral e específicos, tal como mostrados a seguir.
1.2.1 Objetivo Geral
Identificar os fatores de risco e mensurar o seu impacto por meio da aplicação de
técnicas de análise de risco em uma empresa de transporte rodoviário de cargas.
1.2.2 Objetivos Específicos
A identificação e classificação dos principais fatores de risco envolvidos no transporte
rodoviário de cargas da empresa estudada;
Apresentar técnicas de análise de risco para o mercado estudado.
1.3 Metodologia
Para a realização desse trabalho será utilizado o método de pesquisa aplicada,
baseando-se em informações obtidas através de consulta a sites oficiais e literaturas
especializadas que abordem o Gerenciamento de Risco.
1.4 SITUAÇÃO
No Brasil o transporte de produtos acontece predominantemente por meio de rodovias,
segundo o CNT (2013) em pesquisa realizada, 61,1% dos transportes realizados no país
acontecem em rodovias como mostra a matriz dos transportes abaixo:
TABELA 1 - Matriz do Transporte de Cargas
Fonte: CNT (Confederação Nacional do Transporte)
Esta divisão desequilibrada da matriz dos transportes não é uma novidade no Brasil.
Nos anos 50 o transporte rodoviário era responsável por 40% de tudo que era transportado,
mas, a grande elevação da sua participação aconteceu na década de 60 com a instalação das
indústrias automobilísticas. O subsídio aos combustíveis concedido pelo governo, a falta de
capacidade de distribuição e a falta de regulamentação do setor de transportes também foram
importantes fatores no aumento do volume de cargas circulando por rodovias.
Segundo o Anuário do Transporte, da Empresa Brasileira de Transportes - Geipot
(2000), no Estado do Paraná existem atualmente 261,3 mil quilômetros de estradas contra
apenas 2.464 quilômetros de ferrovias e menos de 1000 quilômetros de hidrovias. Em outros
países com as mesmas características geográficas do Brasil, esta divisão é bem mais
equilibrada. Nos Estados Unidos, Austrália, Canadá e Rússia estimulam-se o uso de outros
modais e a prática da intermodalidade. Para que se tenha uma visão do abismo que separa o
Brasil de outros países, basta comparar os 29.798 km de ferrovias existentes com 228.464 km
Matriz do Transporte de Cargas
Modal
Milhões (TKU)
Participação (%)
Rodoviário
485.625
61,1
Ferroviário
164.809
20,7
Aquaviário
108.000
13,6
Dutoviário
3 3.300
4,2
Aéreo
3 .169
0,4
Total
794.903
100
dos EUA, 87.157 km na Rússia, 48.909 km do Canadá e a Argentina, país vizinho, que possui
uma malha ferroviária de 34.091 km.
Agravando ainda mais a situação, no Brasil o sistema rodoviário apresenta diversos
problemas de ordem estrutural. O excessivo número de empresas no setor e a falta de
regulamentação no setor causam problemas com relação à competição de mercado, reduzindo
a qualidade do serviço, pois as empresas atuantes competem principalmente em preços e não
em valor agregado ao serviço.
FIGURA 1 – Mapa das Rodovias Federais do Brasil
A massificação do transporte rodoviário de cargas faz com que a decisão da maioria
dos clientes esteja baseada apenas no preço do frete, deixando de lado outros fatores
importantes de decisão como é o caso da segurança. A situação de caos estabelecida no
sistema rodoviário nacional traz um aumento de custos operacionais de até 40%, gastos
adicionais com combustíveis de até 60% em tempos de viagem aumentados em até 100%. Na
pesquisa rodoviária da CNT (2013) foram avaliados 81.944 km de rodovias em todo o Brasil.
Os resultados alarmantes mostram que:
54,6% da extensão pesquisada encontra-se com Pavimento em estado Regular,
Ruim ou Péssimo (44.733 km);
60,7% da extensão pesquisada apresenta sinalização em estado inadequado
(49.715 km);
39,6% da extensão avaliada não possui acostamento (32.474 km);
8,5% da extensão pesquisada têm o acostamento tomado pelo mato (6.955 km);
10,1% da extensão avaliada não têm placas (8.304 km);
40,6% da extensão avaliada (33.309 km) não têm a presença de placas de
limite de velocidade.
Esta situação apresenta um ambiente altamente favorável a riscos na atuação de
empresas que utilizam esta infraestrutura para a realização de suas atividades como é o caso
das empresas de transporte rodoviário de carga.
A Malha viária total do país é de 1.581.200 km, das quais apenas 14% são
pavimentadas conforme gráfico abaixo:
GRAFICO 1 – Malha rodoviária
MALHA RODOVIÁRIA EM 2012
Condição
Extensão (mil km)
Pavimentada
214,2
Não-Pavimentada
1.366,9
Total
1.581,2
Fonte: DNIT
GRÁFICO 2 – Avaliação Malha Rodoviária
AVALIAÇÃO GERAL DAS RODOVIAS DO BRASIL EM 2011
% (km)
Malha
Critérios de Avaliação (1.000 km)
Estado
Geral
Pavimento
Sinalização
Geometria
da via
* bom
estado
39,5
48,3
40,0
21,6
** mal
estado
53,2
44,5
52,7
71,2
Total
92,7
92,7
92,7
92,7
*ótimo e bom, de acordo com os critérios da CNT **deficiente, ruim
e péssimo de acordo com os critérios da CNT
Fonte: CNT
Já o roubo de cargas no Brasil também se apresenta como um aspecto alarmante.
Segundo o Sindseg (Sindicato das Seguradoras) no ano de 1992 o prejuízo com o roubo de
cargas era de R$ 25 milhões e atualmente vem alcançando cifras ao redor de R$ 1 bilhão.
Onde se concentram 18 mil roubos a caminhões em apenas um ano. Na Região Sul ocorre
aproximadamente 11% dos roubos.
GRAFICO 3 – Evolução Roubo de Cargas
GRAFICO 4 - Roubo de cargas - Jan - Set /2011 - Ocorrencias
Acumulado / 2011
Fonte: SSP/SP e SETCESP/FETCESP , Novembro 2011.
GRAFICO 5 - Roubo de Cargas – Jan Set / 2011 -Valores
Acumulado / 2011 - R$ 214,154 Milhões
Fonte: SSP /SP e SETCESP /FETCESP , Novembro 2011.
Segundo a CNT (Confederação Nacional dos Transportes) o investimento em
gerenciamento de risco nas empresas passou de 5% para 15% da receita bruta, somando algo
em torno de R$ 1,5 bilhão/ano. Apesar de todo este investimento e das ações de prevenção, as
quadrilhas estão mais ousadas e com mais recursos o que dificulta a ação das autoridades e
aumenta os problemas para as empresas de transporte e prejuízo as seguradoras.
A idade da frota brasileira também foge ao que é recomendado pela CNT. Mais de
64% da frota de caminhões no Brasil têm idade superior a 10 anos; o recomendado é a
utilização de um veículo por, no máximo, oito anos. A idade média da frota brasileira é de
18,8 anos. Foram encontrados veículos com mais de 40 anos de uso, principalmente em
regiões portuárias. Existem mais de 800.000 caminhões com mais de 20 anos de uso, isso
corresponde a quase a metade da frota brasileira de caminhões, que é de aproximadamente em
2 milhões de veículos.
A concentração de cargas na região sudeste também é um fator problemático para o
setor de transportes. A Região Sudeste concentra 57,1% do PIB brasileiro e 17,8% fica a
cargo dos Estados da Região Sul. O equilíbrio do fluxo de carga é praticamente impossível
com as outras regiões do país, o que ocasiona muitos outros problemas. Diante de todas estas
situações e problemas citados anteriormente o gerenciamento de risco ganha uma importância
muito grande dentro das empresas de transporte rodoviário de cargas. O desenvolvimento de
novas técnicas ou simplesmente a adequação de técnicas existentes ao controle e
gerenciamento de risco permite uma contribuição significativa na melhoria da gestão do risco
dentro das organizações. O gerenciamento de risco é visto pelas empresas de transporte
rodoviário de carga basicamente como uma forma de evitar ou atuar rapidamente quando
ocorre um roubo de carga, no entanto o gerenciamento de risco pode ser ampliado dentro das
empresas e melhorar processos internos e atividades anteriores e posteriores ao transporte
propriamente dito.
Conforme citou Cavanha (2001) em atividades onde os riscos humanos e materiais são
significativos, as questões operacionais são a base da obtenção dos resultados, portanto, a
gestão destes negócios não deve apenas estar concentrada na maximização dos lucros.
Partindo deste pensamento pode-se considerar o gerenciamento de riscos operacionais
como peça importante na gestão de organizações onde os processos operacionais dependem,
em grande parte, de atividades realizadas por pessoas. O setor de transporte de cargas
desenvolve atividades que estão extremamente ligadas ou condicionadas às ações de pessoas.
O cálculo é simples; para uma empresa de transporte rodoviário de cargas que possui um
determinado número de veículos em sua frota, necessariamente, deverá ter um número no
mínimo igual de motoristas sem considerar ajudantes e todas as pessoas envolvidas em outras
atividades sejam elas administrativas ou as relacionadas a pontos de apoios, armazéns e etc. A
aplicação de técnicas de análise de risco buscando avaliar seu uso no gerenciamento de riscos
em uma empresa de transporte rodoviário de cargas justifica o esforço desta pesquisa no
sentido de fornecer subsídios às empresas do setor a melhorarem a sua gestão de risco, o que
trará resultados benéficos tanto em lucratividade ou redução de prejuízos, como incrementos
em qualidade nos serviços prestados e contribuirá para a ampliação do conhecimento dos
colaboradores, da empresa estudada, sobre os riscos e suas causa e seus efeitos na atividade de
transporte rodoviário de cargas.
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