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JOSÉ RENATO NALINI (Desembargador)
Carta de despedida, por ocasião de sua aposentadoria, entregue ao Presidente do Tribunal de Justiça, Desembargador Paulo Dimas de Bellis Mascaretti. (Publicação da aposentadoria em 26.01.2016).
São Paulo, 26 de janeiro de 2016.
Excelentíssimo Senhor Desembargador Presidente:
no momento em que me despeço do Egrégio TRIBUnAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO, permito-me externar a Vossa Excelência o sentimento ambíguo de nostalgia e de indeclinável aceitação de nova missão.
neste ano de 2016 completaria exatamente 40 anos de Magistratura, pois ingressei em 19.8.1976. Fui muito feliz no Poder Judiciário de meu Estado, ao qual tudo devo. Procurei exercer a jurisdição com zelo e profundo amor. nunca deixei de me interessar pelo contínuo aprimoramento do sistema Justiça.
Por mercê da Providência e generosidade de meus pares, percorri todos os passos na carreira, sempre tentando me relacionar com os jurisdicionados, morando nas comarcas onde isso foi possível. na verdade, apenas em Itu não consegui encontrar residência para alugar e logo fui promovido a Jundiaí, onde já residira e onde voltei a morar com minha família.
Estive à disposição do Tribunal para todos os encargos adicionais ao exato cumprimento do dever de julgar. Assessorei Comissão de Concurso de outorga de delegações, auxiliei a criação da Escola Paulista da Magistratura, assessorei o Corregedor Geral Desembargador Sylvio do Amaral e dois Presidentes da Corte: Desembargadores nereu César de Moraes e Aniceto Lopes Aliende. Sou devedor insolvente desses magistrados e de tantos outros, dentre os quais, por dever moral, me permito citar os Desembargadores Young da Costa Manso, Marcos nogueira Garcez e Antonio Carlos Alves Braga.
Meus queridos colegas e amigos me honraram elegendo-me Vice- Presidente e depois Presidente do saudoso extinto Tribunal de Alçada Criminal. Já nesta Corte, presidi o 6° Concurso de Outorga de Delegações extrajudiciais, integrei a Banca do 180º Concurso para Ingresso à Magistratura, fui eleito Presidente do 183º Concurso de Ingresso à Magistratura e, em seguida, Corregedor Geral da Justiça e Presidente do TRIBUnAL DE JUSTIÇA no biênio 2014/ 2015.
Estava animado para continuar a fruir deste maravilhoso ambiente, no
qual fui muito feliz e me realizei como pessoa, mas tive de ceder aos argumentos do Governador GERALDO ALCKMIn, que me convenceu a aceitar o árduo desafio de assumir a Secretaria de Estado da Educação de São Paulo.
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O apelo atingiu a vulnerabilidade de quem sempre exerceu o Magistério, mesmo antes de ingressar no Ministério Público. Desde 1969 leciono, sem interrupção. na Magistratura, repeti e reiterei muitas vezes que a educação é a chave para a resolução de todos os problemas brasileiros. nunca deixei também de acreditar que todo juiz exerce uma função docente, lecione ou não. é que as decisões, os despachos e a própria conduta do magistrado sinalizam à comunidade o que é certo, o que é correto, qual o melhor sentido do direito ao qual todos devemos observância num Estado sob a Constituição e de índole democrática.
Foi dolorida a opção, como está sendo dolorosa a despedida. Mas não me afeiçoei a cargos e funções. Sempre as recebi como verdadeira missão. A Providência me cumulou de benefícios. Sinto-me obrigado, até com prejuízo de ordem material, a devolver um pouco à comunidade.
Partilho com Vossa Excelência esta sensação que me emociona, entregando à discricionariedade da Egrégia Presidência transmiti-la aos meus amigos, que estão em sua imensa maioria no âmbito do glorioso, inigualável e respeitabilíssimo Poder Judiciário do Estado de São Paulo. Deixo aqui as quatro décadas mais felizes de minha existência e a minha gratidão imorredoura, a quantos contribuíram para isso. Escuso-me se não correspondi às expectativas ou se feri a suscetibilidade de alguém. Trago na consciência a convicção de que nunca, premeditada ou voluntariamente, quis prejudicar qualquer semelhante.
Auguro a Vossa Excelência o êxito que todos temos a certeza alcançará, nessa gestão que ora se inicia cumulada de esperanças as mais legítimas, diante do passado de Vossa Excelência e de todos os demais responsáveis pela condução do Tribunal.
Rogo, àqueles que confessam alguma crença, acompanhemme com suas preces para a jornada que ora se inicia e para a qual me entrego com idêntica vontade de bem servir.
Renovo a Vossa Excelência as minhas expressões pessoais da mais perfeita estima e elevada consideração.
Atenciosamente, Renato nalini
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