MARIA OLÍVIA PINTO ESTEVES ALVES (Juiz Substituto em Segundo Grau)
Posse no cargo de Desembargadora. Discurso proferido em seu nome. (Sessão solene de 11.06.13).
Boa tarde a todos!
Excelentíssimo Senhor Presidente, Desembargador Ivan Sartori, que parabenizo pela recente conquista de se tornar o mais jovem dirigente desta Corte e na pessoa de quem peço licença para cumprimentar todas as demais autoridades presentes. Membros do Ministério Público, advogados, meus colegas, funcionários, amigos e minha família,
Antes de tudo, agradeço a presença de todos nesta solenidade, momento tão importante na minha vida.
Momento que, para mim e para o meu colega e amigo Juvenal, é de muita alegria, alegria de sonho realizado, alegria de boa luta ate aqui empenhada, alegria de sacrifícios que não foram em vão, alegria do trabalho compreendido, reconhecido e recompensado.
Alegria ainda maior, para mim, pela emoção de continuar a servir este país, que me acolheu desde cedo, quando cheguei de Portugal, aos dois anos de idade, com meus pais e minha irmã Aurora.
O que poderia eu esperar, uma imigrante portuguesa, numa terra tão distante?.....Mas eu respondo, com orgulho e admiração: o Brasil é definitivamente a pátria que acolhe todos os povos! E a prova disso está aqui, a lhes dirigir a palavra. Alguém que aqui nunca se sentiu estrangeiro e que tem a honra de, agora, servir a este país em um serviço tão fundamental à cidadania e especialmente num Tribunal desafiador, que é este Tribunal de Justiça de São Paulo.
Por isso, depois agradecer a Deus por estar nesta travessia, agradeço também a este país e a este povo, que me adotou e a quem adotei.
Minha gratidão também aos meus queridos pais, à coragem de atravessar
o mar e se aventurar nesta terra, à obstinação de enfrentar dificuldades, à fé de que teriam lugar seguro e à esperança de dar conforto às duas filhas.
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E aqui, incentivada pelo meu falecido pai, que não cansava de me dizer, com estas palavras simples...: “Olivia, o saber é lindo...” tive a oportunidade de me dedicar aos estudos. Mas, não posso esquecer... o incentivo também veio das lições de grandes professores da minha querida “Casa Amarela”, dentre os quais o Elias Jacob, o Luiz Antonio Figueiredo Gonçalves, o Walter Cotrofe, o Gildo dos Santos, que me servem de exemplo até hoje.
Pois é Juvenal.... já lá se vão quase 27 anos de carreira. Eu e o Juvenal ingressamos nesta Magistratura em novembro de 1985. Eram outros tempos, era outro o Judiciário. Pairava no ar um temor reverencial, um distanciamento calculado, a Magistratura era mesmo uma instituição hermética. Para não dizer muito, basta lembrar que fui a 15ª mulher que ingressava por concurso na Magistratura estadual.
Muita coisa mudou desde então e tinha mesmo que mudar. O poder Judiciário paulista tem hoje as suas portas abertas e já escancara as suas mazelas e dificuldades. Hoje o Judiciário, como não poderia deixar de ser, é uma instituição típica da democracia.
Mas uma coisa não mudou nem haverá de mudar: a coragem, o esforço, a honestidade dos seus integrantes e o respeito que merecem. Muitos, como eu e o Juvenal, só chegaram aqui depois de um rigoroso concurso público, e com muito sacrifício se dedicam à árdua, mas dignificante tarefa de dar a cada um o que é seu.
Por isso que, depois de tantos anos de luta, me entristece muito ouvir críticas de pessoas cultas e bem informadas, que transformam exceções em regra e que, muito ao contrário, teriam a obrigação de saber que este Tribunal é grandioso e complexo e, acima de tudo, formado por pessoas íntegras e trabalhadoras.
As críticas devem ser sempre recebidas com serenidade, fazem parte da democracia, mas não se pode aceitar nunca o desrespeito às instituições e às pessoas.
Por isso, e porque sou brasileira, não desisto nem vou desistir! Tenho orgulho de agora ser Desembargadora deste Tribunal. Eu e o Juvenal, com certeza, temos a temperança e a perseverança de prosseguir, firmes e decididos, no caminho dos homens de bem, como nos ensinaram nossos pais.
Estamos num recomeço, dispostos a aperfeiçoar e melhorar sempre a Justiça, que é um dos pilares que torna possível a vida em sociedade.
Mas, enfim, hoje é dia de comemorar e agradecer!
Chegar até este Tribunal foi uma grande vitória. Foi um longo caminho, e de lá até aqui os risos, as decepções, alegrias e tristezas, dores, insônias,
contentamento, expectativas. E ao fim ao cabo, como dizia Gandhi, Não existe
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um caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho.
Por isso, aproveito este momento único na minha vida para agradecer também aos meus amigos e amigas, a quem presto homenagem nas pessoas do Renato Salles e da Maria Cristina Cotrofe, amigos dos quais recebi o apoio constante e incondicional e a imprescindível, companhia por todos esses anos, na carreira e fora dela.
Agradeço também ao meu amigo Juvenal o apoio inicial e a oportunidade de me pronunciar nesse momento para nós tão grandioso. Agradeço aos queridos e fiéis funcionários, que sempre me deram a segurança necessária para o exercício da judicatura. E agradeço, por fim, aos meus pais, o Fernando e a Clemência (meu exemplo de mulher), à minha família, ao meu companheiro Eduardo, que sempre me incentivou na vida profissional, às minhas queridas filhas, Maria Luiza e Marina, de quem tenho tanto orgulho de ser mãe, e aos meus demais familiares, que homenageio na pessoa da minha querida irmã Aurora.
Agradeço a todos o amor e o carinho que sempre me dedicaram e sem o qual “eu” não seria possível.
Muito obrigada!
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