B) concessão
C) conformidade
D) causa
E) consequência
Colocação pronominal
Amo-Te
e por amar-Te assim
posso escorregar na gramática
e deslizar pelas regras...
Por amar-Te assim
posso me revelar
sem bloqueios,
posso mergulhar no mais profundo
do meu oceano
só para te presentear
com uma estrela do mar.
Posso voar os mais altos sentimentos
e te transportar
ao meu céu.
Quem ama tudo pode
por seu amor tão amado.
Não é preciso ter cautela
e nem frear as vontades.
É preciso, sim, fidelidade
ao sentimento,
sendo fiel ao amado.
Quem ama vê beleza até na lama
porque sabe que flor também nasce ali.
Quem ama chora de alegria
e ri da sua própria tristeza
na esperança do reencontro.
Quem ama...
Ah!! Dorme e sonha acordado,
pensa que está acordado dormindo...
Quem ama fica assim, meio bobo,
doente de excesso de encantamento.
Ah!! Que encantamento encantado.
Amo-Te assim...
E ao amar-Te me entrego
inteira...
E na esperança de te encontrar logo
suporto as saudades,
a distância,
o vazio,
a tristeza de não estares aqui.
E vivo então a ilusão de que talvez
tu também
me ames assim.
(Liz Matos, do livro: Sopro do Tempo)
Releia a parte inicial do texto e observe a ocorrência dos pronomes oblíquos átonos te e me. No título, o pronome te está posposto ao verbo, o que também acontece nos versos um e quatro; já o pronome me, no quinto verso, aparece anteposto ao verbo principal “revelar”.
Além dessas posições, os pronomes oblíquos átonos também podem aparecer no meio do verbo, como neste exemplo: “Devolver-te-ei o livro amanhã”.
O que é colocação pronominal?
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É a parte da gramática que trata da correta colocação dos pronomes oblíquos átonos na frase. Embora na linguagem falada a colocação dos pronomes não seja rigorosamente seguida, algumas normas devem ser observadas sobretudo na linguagem escrita.
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Segundo a NGB (Nomenclatura Gramatical Brasileira), devem-se adotar as colocações proclítica, enclítica e mesoclítica para as formas pronominais que, não tendo autonomia fonética acentual, apoiam-se no verbo – formas adverbiais.
Na próclise, o pronome aparece antes do verbo, formando com ele uma unidade fonética (vocábulo fonético).
Ex.: “Não o forcei a nada!”
Na ênclise, o pronome aparece após o verbo.
Ex.: “Deram-lhe a lição que merecia”.
Na mesóclise, o pronome se intercala nas formas simples do futuro (do presente e do pretérito) do indicativo.
Ex.: “Dar-te-ia o céu, se pudesse!.”
Leia a propaganda a seguir e observe como os pronomes oblíquos átonos assumem posições diferentes em relação a seus respectivos verbos:
“Sinta seus cabelos cheios de vida como no dia que você OS tingiu.
Tingir os cabelos faz você SE sentir renovada, bonita, cheia de vida. Mas com o tempo, seus cabelos SE sentem exatamente ao contrário. Os fios perdem flexibilidade, ficam quebradiços e sem brilho. É por isso que cabelos tingidos precisam de cuidados especiais. A nova linha Seda Color Vital foi desenvolvida especialmente para cabelos tingidos. Ela contém Alpha Nutriumâ, que atua no coração da flora capilar, restaurando-A progressivamente. Além do filtro UV que ajuda a proteger a cor do seu cabelo. Agora, seus cabelos podem SE sentir como você: renovados, bonitos e cheios de vida.”
Você deve ter observado que há, no texto, cinco pronomes pessoais oblíquos átonos – os, se, se, a se. Todos assumindo a posição proclítica, exceto o pronome oblíquo o, que assume a posição enclítica.
O PRINCÍPIO DA EUFONIA
O princípio básico da colocação pronominal é a EUFONIA = som agradável.
Basta um ouvido razoável para perceber como incomoda a colocação negritada neste texto:
O PRIMEIRO DIA DO RESTO DA VIDA REAL
Um petralha mandou um comentário indignado. Segundo ele, estou torcendo para Barack Obama quebrar a cara porque, desse modo, eu... Bem, nem li o resto. Por que eu torceria contra o presidente dos EUA que começa hoje o seu mandato? Eu não! Ao contrário: torço para que ele faça um grande trabalho. O fortalecimento dos EUA é vital para a defesa de um sistema de valores que também é o meu. Passei boa parte desta segunda-feira lendo a respeito das peripécias de Obama e vendo-o na TV, na Internet, em toda parte. É compreensível que os olhos do mundo estejam voltados para “o primeiro presidente negro dos Estados Unidos”, como não cansa-se de repetir por ai.
(Veja on-line, 20/01/09, por Reinaldo Azevedo
– Texto adaptado)
Levando em conta o uso comum e a eufonia, não ficaria melhor "como não se cansa de repetir por aí”?
Agora observe a transcrição da modinha popular “Me dá um dinheiro aí”, de Ivan, Homero e Glauco Ferreira.
Me Dá Um Dinheiro Ai
Marchinhas de Carnaval
Composição: Ivan Ferreira-Homero Ferreira-Glauco Ferreira
Ei, você aí!
Me dá um dinheiro aí!
Me dá um dinheiro aí!
Não vai dar?
Não vai dar não?
Você vai ver a grande confusão
Que eu vou fazer bebendo até cair
Me dá me dá me dá, ô!
Me dá um dinheiro aí!
Você já imaginou se a modinha apresentasse estes versos “Dá-me um dinheiro aí!”, “Dá-me um dinheiro aí!”, o ritmo, a melodia estariam perdidos.
O critério baseado na atração foi uma tentativa de ajudar os usuários da língua a colocar eufonicamente (sonoramente agradável) os pronomes. É mais expressivo e espontâneo, por exemplo, "Te cuida, menino!", "Me empresta o livro?" do que “Cuida-te, menino”, “Empresta-me o livro?”. Lembre-se, porém, de que essas construções são típicas da linguagem coloquial; escrevendo-se, porém, os exemplos acima, segundo a norma culta, deve-se optar pela colocação enclítica.
REGRAS GERAIS DE COLOCAÇÃO PRONOMINAL
PRÓCLISE:
Desde que não inicie período, o pronome oblíquo proclítico estará sempre bem colocado.
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