5. Contato com a polícia
5.1 Polícia Militar
A maioria (77,6%) dos entrevistados confia na Polícia Militar, mas, neste grupo, apenas 18% confiam muito – os demais 59,6% dizem confiar um pouco. Esse nível de confiança se distribui de forma desigual pelo país. Considerando a taxa de muito confiável atribuída à Polícia Militar, a corporação com mais confiabilidade é a de Minas Gerais (26,1% confiam muito). Entre consideradas muito confiáveis por ao menos 20% dos entrevistados aparecem ainda a Polícia Militar da Paraíba (22,1%), do Rio Grande do Sul (21,7%), de Santa Catarina (21%) e do Paraná (20%).
Gráfico 8 – Confiança na Polícia Militar (taxa de confia muito), em %
Mapa 5 – Grau de confiança na Polícia Militar por UF e capital
O destaque das polícias militares dos Estados do Sul entre as mais confiáveis contrasta com a situação captada no Norte, onde os dois Estados de maior população têm as corporações com os menores níveis de confiabilidade. No Amazonas, 8,4% consideram a Polícia Militar muito confiável, e no Pará, 8,9%. São as únicas unidades da Federação com essa taxa de avaliação abaixo de 10%. Em seguida aparecem Rio de Janeiro (10,9%) e Roraima (12,1%).
Além da confiança, outros aspectos do trabalho da Polícia Militar foram consultados, e os resultados revelam alguns aspectos negativos da imagem da corporação junto à população. Em uma bateria de frases com as quais os entrevistados podiam concordar ou discordar, por exemplo, 54,4% concordaram que “os policiais militares fazem “vista grossa” à desonestidade de seus colegas”. Outros 12,2% não concordaram nem discordaram, 11,2% não responderam, e uma fatia de 22,2% discordou da sentença. Para 57,7%, “os Policiais Militares abusam do uso da força e de sua autoridade”, e 20,1% não concordam nem discordam com a afirmação ou não souberam responder. Nesse caso, os que discordam também forma minoria (22,2%). O preconceito também está bastante associado à ação da corporação: 49,9% concordam que “os policiais militares são preconceituosos quando abordam as pessoas na rua”, e outros 22,1% não concordam nem discordam ou não responderam. A taxa dos que discordam dessa afirmação é de 28%.
Em outros temas, a população tem opiniões mais divergentes sobre a imagem da Polícia Militar. É o que acontece, por exemplo, quando se afirma que “os policiais militares abordam suspeitos de forma segura e dentro da lei”. Concordam com essa sentença 39,9%, enquanto 36,8% discordam, e 15,7% não discordam nem discordam. Em relação à afirmativa que “os policiais militares não estão preparados para usar armas de fogo”, 41,4% discordam, 35,3% concordam, e 16,7% não discordam nem concordam. Outra questão traz índices similares, mas menos favoráveis para a polícia: 41,2% discordam que “os policiais militares atendem as pessoas com cortesia, rapidez e segurança”, enquanto 35,8% concordam, e 17,6% não concordam nem discordam. Quando consultados se “os policiais militares sabem como agir em situações de risco e perigo”, 51,3% concordaram, 27,8% discordaram, e 15,2% não concordaram nem discordaram.
A forma de contato dos policiais militares com a população também foi analisada, e a opinião da população varia entre a aprovação e a cautela. Em uma bateria de questões relacionadas ao tema, a apresentação pessoal dos policiais, como a maneira de se vestir e falar, foi considerada boa por 45,4% e ótima por 6,1%, com taxa de aprovação total de 51,5% - a mais alta entre os tópicos consultados. Outros 30,3% veem a apresentação pessoal como regular, e 11,8%, como ruim ou péssima. O trabalho na organização do trânsito é aprovado por 37,9% (34,3% o consideram bom, e 3,6%, ótimo), enquanto 35% o avaliam como regular, e 17,5%, como ruim ou péssimo. O trabalho de abordagem policial em blitz e revista pessoal tem aprovação similar ao trabalho no trânsito: 37,9% aprovam (33,4% dizem que o é bom, e 4,5%, que é ótimo), outros 33,6% avaliam como regular, e 16,2% consideram ruim ou péssimo. Em relação à proteção dos direitos das pessoas, 32,7% consideram o serviço prestado pela polícia ótimo ou bom, 38,3% avaliam como regular, e 19,9%, como ruim ou péssimo. A rapidez e a qualidade no atendimento policial foram aprovadas por 31,5%, índice menor do que os que dizem que esses aspectos do serviço são regulares (35%). Há ainda 25,3% que desaprovam a rapidez e a qualidade do atendimento policial. Entre os tópicos analisados nesta série de questões, a pior avaliação foi atribuída à punição dos policiais com mau comportamento: 32,6% desaprovam a forma como a Polícia Militar trabalha com esse assunto (16,2% dizem que é ruim, e 16,4%, que é péssimo), enquanto 31,4% analisam que é regular. A taxa de aprovação, neste caso, fica em 22,5% (18,7% avaliam como bom, e 3,8%, como ótimo).
De forma geral, a maioria (68,1%) vê policiais militares na sua vizinhança ou proximidades. Nos 12 meses anteriores à entrevista, a ações da Polícia Militar mais vista pelos entrevistados em sua vizinhança foi a revista de pessoas, testemunhada ao menos uma vez por 38,5%. Em seguida vêm a revista de veículos (31%), pessoas sendo presas (29,1%), perseguição policial (20,8%), atuação da polícia em crimes que estavam acontecendo (16,4%), apreensão de armas, drogas ou contrabando (14,1%) e enfrentamento armado entre a polícia e o tráfico, gangues, facções criminosas e milícias (8,7%).
De forma geral, a taxa de vitimização pela Polícia Militar é baixa entre os brasileiros. Declararam ter sido vítimas de violência física, por exemplo, 4%. Insultos ou agressões verbais vitimaram uma fatia maior (6,7%), enquanto a taxa dos que foram extorquidos ou pagaram propina fica em 2,6%.
A violência física por parte de policiais militares registrou maior incidência no Amapá (6,5%), no Acre (5,1%), no Amazonas (5,1%), no Pará (5%) e no Sergipe (5%). Apenas o Tocantins teve menos de 2% da população agredida fisicamente pela Polícia (1,9%). Em relação à agressão verbal e insultos pela Polícia Militar, a maior incidência aconteceu no Amapá (11,2%), seguido por Goiás (8,3%), Pará (8,1%) e São Paulo, Rio Grande do Norte e Acre (8% cada). Já a maior taxa de extorsão e pagamento de propina envolvendo membros dessa corporação foi registrada no Rio de Janeiro (7,0%). Em seguida, com índices acima 5%, aparecem Amapá e Pará (5,3% cada).
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