Histologia aplicada
Em condições de desnutrição extrema como
kwashiorkor
, células acinosas pancreáticas e outras células que
secretam proteínas ativamente sofrem atrofia e perdem parte de seu retículo endoplasmático granuloso. A produção de
enzimas digestivas é, portanto, prejudicada.
Figura 16.8
A micrografia eletrônica mostra o ápice de duas células acinosas pancreáticas (A) e uma célula centroacinosa (C) de pâncreas de rato. Observe a
ausência de grânulos de secreção e a escassez de retículo endoplasmático granuloso na célula centroacinosa, quando comparada às células acinosas. L, lúmen
acinar. (30.000×.)
Fígado
O fígado é o segundo maior órgão do corpo (o maior é a pele) e a maior glândula, pesando cerca
de 1,5 kg. Está situado na cavidade abdominal abaixo do diafragma. O fígado é o órgão no qual os
nutrientes absorvidos no trato digestivo são processados e armazenados para serem utilizados por
outros órgãos. É, portanto, uma interface entre o sistema digestivo e o sangue. Grande parte do
sangue transportado para o fígado chega pela veia porta (70 a 80%); menor porcentagem é suprida
pela artéria hepática. Todos os nutrientes absorvidos pelo intestino chegam ao fígado pela veia porta,
exceto os lipídios complexos (
quilomícrons
), que chegam pela artéria hepática. A posição do fígado
no sistema circulatório é ideal para captar, transformar e acumular metabólitos e para a neutralização
e eliminação de substâncias tóxicas. A eliminação ocorre na bile, uma secreção exócrina do fígado,
importante para a digestão de lipídios. O fígado também exerce função muito importante na produção
de proteínas plasmáticas, como a albumina e outras proteínas carreadoras.
O fígado é revestido por uma cápsula delgada de tecido conjuntivo que se torna mais espessa no
hilo
, por onde a veia porta e a artéria hepática penetram o fígado e por onde saem os ductos
hepáticos direito e esquerdo, bem como os linfáticos. Esses vasos e ductos são circundados por
tecido conjuntivo ao longo de toda a sua extensão, até o término (ou origem), nos espaços porta entre
os lóbulos hepáticos. Neste ponto, forma-se uma delicada rede de fibras reticulares que suporta os
hepatócitos (células do fígado) e células endoteliais dos capilares sinusoides.
Lóbulo hepático
O componente estrutural básico do fígado é a célula hepática, ou
hepatócito
(Gr. hepar, fígado, +
kytos, célula). Essas células epiteliais estão agrupadas em placas interconectadas. Em cortes
histológicos, unidades estruturais denominadas
lóbulos hepáticos
podem ser observadas (Figura 16.9
). O lóbulo hepático é formado por uma massa poligonal de tecido cujo tamanho oscila em torno de
0,7 × 2 mm (Figuras 16.9 e 16.10 ). Em determinados animais (p. ex., porcos), os lóbulos são
separados entre si por uma camada de tecido conjuntivo. Isso não ocorre em humanos, nos quais os
lóbulos estão em contato ao longo de grande parte de seu comprimento, tornando difícil o
estabelecimento de limites exatos entre lóbulos diferentes. Em algumas regiões da periferia dos
lóbulos existe tecido conjuntivo contendo ductos biliares, vasos linfáticos, nervos e vasos
sanguíneos. Essas regiões, os
espaços porta
, são encontradas nos cantos dos lóbulos. O fígado
humano contém de 3 a 6 espaços porta por lóbulo, cada um contendo um ramo da veia porta, um ramo
da artéria hepática, um ducto (parte do sistema de ductos biliares) e vasos linfáticos (Figura 16.9 ). A
veia porta contém sangue proveniente do trato digestivo, pâncreas e baço. A artéria hepática contém
sangue proveniente do tronco celíaco da aorta abdominal. O ducto, revestido por epitélio cúbico,
transporta bile sintetizada pelos hepatócitos, a qual desemboca no ducto hepático. Um ou mais
linfáticos transportam linfa, a qual eventualmente entra na circulação sanguínea. Todas essas
estruturas estão envolvidas em uma bainha de tecido conjuntivo (Figura 16.11 ).
Os hepatócitos estão radialmente dispostos no lóbulo hepático, arranjados como os tijolos de uma
parede. Essas placas celulares estão direcionadas da periferia do lóbulo para o seu centro e
anastomosam-se livremente, formando um labirinto semelhante a uma esponja (Figura 16.10 ). Os
espaços entre essas placas contêm capilares, os
sinusoides
hepáticos (Figuras 16.10 e 16.11 ). Como
discutido no Capítulo 11, capilares sinusoides são vasos irregularmente dilatados compostos por uma
camada descontínua de células endoteliais fenestradas. As fenestras têm cerca de 100 nm de diâmetro
e geralmente estão agrupadas (Figura 16.12 ).
As células endoteliais são separadas dos hepatócitos adjacentes por uma lâmina basal descontínua
(dependendo da espécie) e um espaço subendotelial conhecido como
espaço de Disse
, que contém
microvilos dos hepatócitos (Figuras 16.12 , 16.16 e 16.19 ). Fluidos provenientes do sangue
percolam rapidamente a parede endotelial e fazem um contato muito próximo com a parede dos
hepatócitos, o que possibilita uma troca fácil de macromoléculas entre o lúmen sinusoidal e os
hepatócitos, e vice-versa. Essa troca é fisiologicamente importante não apenas devido ao grande
número de macromoléculas (p. ex., lipoproteínas, albumina, fibrinogênio) secretadas dos hepatócitos
para o sangue, mas também porque o fígado capta e cataboliza muitas moléculas grandes. O sinusoide
é circundado e sustentado por uma delicada bainha de fibras reticulares (Figura 16.11 ). Além das
células endoteliais, os sinusoides contêm macrófagos conhecidos como
células de Kupffer
(Figura
16.13 ). Essas células são encontradas na superfície luminal das células endoteliais, e suas principais
funções são: metabolizar hemácias velhas, digerir hemoglobina, secretar proteínas relacionadas com
processos imunológicos e destruir bactérias que eventualmente penetrem o sangue portal a partir do
intestino grosso. Células de Kupffer constituem cerca de 15% da população celular no fígado. Muitas
estão localizadas na região periférica do lóbulo hepático, onde são muito ativas na fagocitose. No
espaço de Disse (espaço perissinusoidal) células armazenadoras de lipídios, também denominadas
células de Ito
, contêm inclusões lipídicas ricas em vitamina A. No fígado saudável estas células
desempenham várias funções, como captação, armazenamento e liberação de retinoides, síntese e
secreção de várias proteínas da matriz extracelular e proteoglicanos, secreção de fatores de
crescimento e citocinas e regulação do diâmetro do lúmen sinusoidal em resposta a diferentes fatores
reguladores (prostaglandinas, tromboxano A2 etc.).
Figura 16.9
Desenho esquemático que ilustra os lóbulos hepáticos do fígado. Cada lóbulo é composto por cordões de hepatócitos que são entremeados por
capilares sinusoides (não representados nesta ilustração), os quais desembocam em uma veia centrolobular. Na periferia do lóbulo há tecido conjuntivo, no qual se
encontra o espaço porta, que contém a tríade portal (arteríola, vênula e ducto biliar). Há também vasos linfáticos e nervos (não representados). (Adaptada de
Bourne G: An Introduction to Functional Histology, Churchill, 1953.)
Figura 16.10
Desenho esquemático de um lóbulo hepático. O espaço porta está na periferia, e, a partir da arteríola e da vênula, o sangue flui para os
sinusoides, que desembocam na veia centrolobular. Cordões de hepatócitos se organizam de forma radial, e, a partir de cada célula, a bile produzida é escoada nos
canículos biliares que convergem na periferia do lóbulo para o ducto biliar.
Histologia aplicada
No fígado cronicamente doente as células de Ito proliferam e adquirem características de miofibroblastos, com ou sem
as inclusões lipídicas. Sob tais condições, essas células são observadas próximo aos hepatócitos lesionados e são
muito importantes no desenvolvimento da
fibrose
, inclusive da fibrose secundária à doença alcoólica do fígado.
Suprimento sanguíneo
O fígado é um órgão incomum, por receber sangue de duas fontes diferentes: 80% do sangue
derivam da veia porta, que transporta o sangue pouco oxigenado e rico em nutrientes proveniente das
vísceras abdominais, enquanto os 20% restantes derivam da artéria hepática, que fornece sangue rico
em oxigênio (Figuras 16.9 , 16.10 e 16.14 ).
Sistema portal venoso
A
veia porta
ramifica-se repetidamente e envia pequenas
vênulas portais
(interlobulares)
aos
espaços porta. As vênulas portais ramificam-se em
vênulas distribuidoras
, que correm ao redor da
periferia do lóbulo. A partir das vênulas distribuidoras, pequenas vênulas desembocam nos
capilares
sinusoides
. Os sinusoides correm radialmente, convergindo para o centro do lóbulo para formar a
veia central ou veia centrolobular
(Figuras 16.9 a 16.11 ). Este vaso tem parede delgada constituída
apenas por células endoteliais, suportadas por uma quantidade esparsa de fibras colágenas. À
medida que a veia central progride ao longo do lóbulo, ela recebe mais e mais sinusoides,
aumentando gradualmente em diâmetro. Ao final, ela deixa o lóbulo em sua base fundindo-se com a
veia sublobular
, de diâmetro maior (Figura 16.9 ). As veias sublobulares gradualmente convergem e
se fundem, formando duas ou mais grandes
veias hepáticas
que desembocam na veia cava inferior.
Figura 16.11
Fotomicrografia do fígado. A. Veia central (VC). Observe as placas de hepatócitos limitando os espaços ocupados pelos capilares sinusoides.
(Coloração: hematoxilina-eosina. Médio aumento.) (Imagem de M.F. Santos.) B. Um espaço porta contendo ramo da artéria hepática, ramo da veia porta e ducto
biliar, circundados por tecido conjuntivo. (Coloração: hematoxilina-eosina. Pequeno aumento.) (Imagem de M.F. Santos.) C. Fibras reticulares constituídas por
colágeno III no lóbulo, formando uma rede de suporte para os hepatócitos. (Impregnação pela prata. Médio aumento.)
Figura 16.12
A micrografia eletrônica de varredura mostra o revestimento endotelial de um capilar sinusoide no fígado de rato, com fenestras agrupadas em
sua parede. Nas bordas, detalhes de hepatócitos cortados podem ser observados, como as microvilosidades protraindo-se nos espaços de Disse. (6.500×. Cortesia
de E Wisse.)
Figura 16.13
A fotomicrografia do fígado mostra capilares sinusoides com suas células endoteliais próximas dos hepatócitos. A pequena fenda entre os
hepatócitos e as células endoteliais constitui o espaço de Disse. Células de Kupffer podem ser observadas no interior do sinusoide. (Corte semifino. Coloração:
pararrosanilina e azul de toluidina. Grande aumento.)
Figura 16.14
Heterogeneidade dos hepatócitos nas regiões perilobular e centrolobular. (Cortesia de A. Brecht.) Células na região perilobular são aquelas mais
próximas do espaço porta e, consequentemente, as primeiras a alterar o conteúdo do sangue ou a serem afetadas por ele. As próximas são as células na região
intermediária, enquanto as células da região centrolobular recebem o sangue já alterado pelas células das regiões anteriores. Por exemplo, após uma refeição,
células da periferia dos lóbulos são as primeiras a receber a glicose absorvida e armazená-la em glicogênio. A glicose não captada por essas células é
provavelmente utilizada pelas células da próxima região. No jejum, as células periféricas (perilobulares) seriam as primeiras a responder à queda na glicemia,
quebrando glicogênio e liberando glicose para a circulação sanguínea. Neste processo, células das regiões intermediária e centrolobular não respondem à condição
de jejum até que o estoque de glicogênio nas células perilobulares seja depletado. Este arranjo em zonas é responsável por algumas das diferenças na
suscetibilidade dos hepatócitos a diversos agentes nocivos ou em condições patológicas.
O sistema portal contém sangue proveniente do pâncreas, baço e intestino. Os nutrientes
absorvidos no intestino são acumulados e transformados no fígado, no qual substâncias tóxicas são
também neutralizadas e eliminadas.
Sistema arterial
A
artéria hepática
ramifica-se repetidamente e forma as
arteríolas interlobulares
, localizadas
nos espaços porta. Algumas dessas arteríolas irrigam as estruturas do espaço porta e outras formam
arteríolas que desembocam diretamente nos sinusoides, provendo uma mistura de sangue arterial e
venoso portal nesses capilares (Figura 16.10 ). A principal função do sistema arterial é suprir os
hepatócitos com uma quantidade adequada de oxigênio. O sangue flui da periferia para o centro do
lóbulo hepático. Consequentemente, oxigênio e metabólitos, assim como todas as substâncias tóxicas
e não tóxicas absorvidas no intestino, alcançam primeiro as células periféricas e posteriormente as
células centrais dos lóbulos. Esta direção do fluxo sanguíneo explica parcialmente por que o
comportamento das células mais periféricas (perilobulares) difere daquele das células mais centrais
(centrolobulares) (Figura 16.14 ). Essa dualidade de comportamento dos hepatócitos é
particularmente evidente em determinadas patologias, em que alterações podem ser observadas nas
células periféricas ou nas células centrais do lóbulo.
Hepatócito
Hepatócitos são células poliédricas, com seis ou mais superfícies, com diâmetro de 20 a 30 mm.
Em cortes corados com hematoxilina e eosina (HE), o citoplasma do hepatócito é eosinofílico,
principalmente devido ao grande número de mitocôndrias e algum retículo endoplasmático liso.
Hepatócitos localizados a distâncias variáveis dos espaços porta mostram diferenças em suas
características estruturais, histoquímicas e bioquímicas. A superfície de cada hepatócito está em
contato com a parede do capilar sinusoide, através do espaço de Disse, e com a superfície de outros
hepatócitos. Sempre que dois hepatócitos se encontram, eles delimitam um espaço tubular entre si
conhecido como
canalículo biliar
(Figuras 16.10 e 16.15 a 16.19). Os canalículos, que constituem a
primeira porção do sistema de ductos biliares, são espaços tubulares com cerca de 1 a 2 μm de
diâmetro. Eles são delimitados apenas pela membrana plasmática de dois hepatócitos e contêm
poucos microvilos em seu interior (Figuras 16.16 e 16.17 ). As membranas celulares próximas desse
canalículo estão unidas firmemente por junções de oclusão (descritas no Capítulo 4). Junções
comunicantes do tipo gap são frequentes entre os hepatócitos e são importantes na comunicação
intercelular, participando do processo de coordenação das atividades fisiológicas dessas células. Os
canalículos biliares formam uma rede complexa que se anastomosa progressivamente ao longo das
placas do lóbulo hepático, terminando na região do espaço porta (Figuras 16.9 e 16.10 ). Sendo
assim, a bile flui progressivamente na direção contrária do sangue, do centro do lóbulo para a sua
periferia. Na periferia, a bile adentra os
dúctulos biliares
(
canais de Hering
) (Figuras 16.10 e 16.18
), constituídos por células cuboidais. Após uma curta distância, esses canais terminam nos
ductos
biliares
localizados no espaço porta (Figuras 16.9 , 16.10 e 16.18 ). Ductos biliares são formados
por epitélio cuboide ou colunar e contêm uma bainha distinta de tecido conjuntivo. Esses ductos
gradualmente aumentam e se fundem, formando o
ducto hepático
, que subsequentemente deixa o
fígado.
Figura 16.15
A micrografia eletrônica de varredura mostra a ramificação dos canalículos biliares no fígado. Observe os microvilos na superfície interna do
canalículo. (Reproduzida, com autorização, de Motta P et al.: The Liver: An Atlas of Scanning Electron Microscopy. Igaku-Shonin, 1978.)
Figura 16.16
O desenho ilustra a ultraestrutura de um hepatócito. REG, retículo endoplasmático granuloso; REL, retículo endoplasmático liso. Células dos
capilares sinusoides também estão demonstradas. (10.000×.)
A superfície do hepatócito que está voltada para o espaço de Disse contém muitos microvilos, mas
existe sempre um espaço entre eles e a parede do sinusoide (Figuras 16.16 e 16.19 ). O hepatócito
tem um ou dois núcleos arredondados, contendo um ou dois nucléolos. Alguns núcleos são
poliploides, contendo múltiplos do número haploide de cromossomos. Núcleos poliploides são
caracterizados pelo seu tamanho maior, que é proporcional à ploidia. O hepatócito contém abundante
retículo endoplasmático, tanto liso quanto granuloso (Figuras 16.16 e 16.20 ). No hepatócito, o
retículo endoplasmático granuloso forma agregados que se dispersam no citoplasma, os quais são
frequentemente denominados corpos basofílicos. Diversas proteínas (p. ex., albumina, fibrinogênio)
são sintetizadas em polirribossomos nessas estruturas. Vários processos importantes acontecem no
retículo endoplasmático liso, que está distribuído difusamente pelo citoplasma. Esta organela é
responsável pelos processos de oxidação, metilação e conjugação requeridos para a inativação ou
detoxificação de várias substâncias antes de sua excreção pelo organismo. O retículo endoplasmático
liso é um sistema lábil, que reage prontamente às moléculas recebidas pelo hepatócito. Um dos
principais processos que acontecem no retículo endoplasmático liso é a conjugação da bilirrubina
tóxica e hidrofóbica (insolúvel em água) com o glucuronato pela enzima glucuronil-transferase, para
formar o
glucuronato de bilirrubina
, não tóxico e solúvel em água. Este conjugado é excretado na
bile pelos hepatócitos (Figura 16.21 ). A bilirrubina resulta principalmente da quebra da
hemoglobina e é formada pelo sistema mononuclear fagocitário (que inclui as células de Kupffer dos
capilares sinusoides), sendo transportada para os hepatócitos. Quando bilirrubina ou glucuronato de
bilirrubina não são excretados, podem ocorrer várias doenças caracterizadas por icterícia (Figura
16.21 ).
Figura 16.17
A micrografia eletrônica mostra um canalículo biliar no fígado de rato. Observe os microvilos no lúmen e os complexos juncionais (setas) que
selam este espaço, separando-o do espaço extracelular. (54.000×. Cortesia de S.L. Wissig.)
Figura 16.18
O desenho ilustra a confluência dos canalículos biliares e a formação dos dúctulos biliares, que são revestidos por epitélio cúbico simples. Os
dúctulos se fundem aos ductos biliares localizados nos espaços porta.
Figura 16.19
Micrografia eletrônica do fígado. Observe os dois hepatócitos adjacentes com um canalículo biliar entre eles. Os hepatócitos contêm numerosas
mitocôndrias (M), retículo endoplasmático liso e granuloso. Um complexo de Golgi proeminente (G) está próximo ao canalículo biliar. O sinusoide é revestido por
células endoteliais com amplas fenestras abertas. O espaço de Disse (D) é ocupado por numerosos microvilos que se projetam dos hepatócitos. (9.200×. Cortesia
de D. Schmucker.)
Figura 16.20
A micrografia eletrônica mostra um hepatócito. No citoplasma, abaixo do núcleo, podem ser observadas mitocôndrias (Mi), retículo
endoplasmático granuloso (REG), glicogênio (Gl), lisossomos (Li) e peroxissomos (P). (6.600×.)
Histologia aplicada
Uma das causas mais frequentes de icterícia (pigmentos biliares no sangue) em recém-nascidos é o estado
subdesenvolvido do retículo endoplasmático liso de seus hepatócitos (hiperbilirrubinemia neonatal). O tratamento atual
para esses casos é a exposição à luz azul de lâmpadas fluorescentes comuns, procedimento que transforma a
bilirrubina não conjugada em um fotoisômero solúvel em água que pode ser excretado pelos rins.
O hepatócito frequentemente contém glicogênio. Este polissacarídio aparece ao microscópio
eletrônico na forma de agregados elétron-densos no citosol , frequentemente associados ao retículo
endoplasmático liso (Figuras 16.16 e 16.22 ). A quantidade de glicogênio no fígado varia de acordo
com um ritmo circadiano e também depende do estado nutricional do indivíduo. O glicogênio
hepático é um depósito de glicose, sendo mobilizado quando a glicose sanguínea cai abaixo do nível
adequado. Desta maneira, os hepatócitos contribuem para manter a glicemia estável, representando
uma das principais fontes de energia para utilização pelo organismo.
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