Figura 11.22
Dois vasos linfáticos pequenos (VL). O vaso no topo está cortado longitudinalmente e mostra uma válvula, a estrutura responsável pelo fluxo
unidirecional da linfa. A seta cheia mostra a direção do fluxo da linfa e as setas pontilhadas mostram como as válvulas evitam refluxo de linfa. Note a parede muito
delgada deste vaso. (Coloração: pararrosanilina-azul de toluidina. Médio aumento.)
Bibliografia
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Composição do plasma
Coloração das células do sangue
Eritrócitos
Leucócitos
Neutrófilos
Eosinófilos
Basófilos
Linfócitos
Monócitos
Plaquetas
Bibliografia
O sangue está contido em um compartimento fechado, o aparelho circulatório, que o mantém em
movimento regular e unidirecional, devido essencialmente às contrações rítmicas do coração. O
volume total de sangue em uma pessoa saudável é de aproximadamente 7% do peso corporal, cerca
de 5 ℓ em um indivíduo com 70 kg de peso.
O sangue é formado pelos glóbulos sanguíneos e pelo plasma, parte líquida, na qual os primeiros
estão suspensos. Os glóbulos sanguíneos são os
eritrócitos
ou
hemácias
, as
plaquetas
(fragmentos
do citoplasma dos megacariócitos da medula óssea) e diversos tipos de
leucócitos
ou
glóbulos
brancos
.
O sangue coletado por punção venosa, tratado por anticoagulantes (heparina, por exemplo) e em
seguida centrifugado, separa-se em várias camadas que refletem sua heterogeneidade (Figura 12.1 ).
O resultado obtido por essa sedimentação, realizada em tubos de vidro de dimensões padronizadas,
chama-se
hematócrito
.
No hematócrito, o plasma corresponde ao sobrenadante translúcido e amarelado. Os glóbulos
sedimentam em duas camadas facilmente distinguíveis. A camada inferior (35 a 50% do volume total
do sangue) tem cor vermelha e é formada pelos eritrócitos . A camada imediatamente superior (1%
do volume de sangue) tem cor acinzentada e contém os leucócitos , que são menos densos do que os
eritrócitos. Sobre os leucócitos repousa delgada camada de plaquetas, não distinguível a olho nu.
O hematócrito possibilita estimar o volume de sangue ocupado pelos eritrócitos em relação ao
sangue total. Os valores normais são de 35 a 49% na mulher e 40 a 54% no homem.
Figura 12.1
Dois tubos de hematócrito com sangue: o da esquerda antes e o da direita depois da centrifugação. No tubo da direita (centrifugado), observe que
as hemácias constituem 43% do volume sanguíneo. Entre as hemácias sedimentadas e o plasma claro sobrenadante existe uma fina camada de leucócitos.
O sangue é principalmente um meio de transporte. Por seu intermédio, os leucócitos, células que
desempenham várias funções de defesa (Tabela 12.1 ) e constituem uma das primeiras barreiras
contra a infecção, percorrem constantemente o corpo, atravessam por
diapedese
a parede das
vênulas e capilares e concentram-se rapidamente nos tecidos lesionados ou atacados por
microrganismos, nos quais desempenham suas funções defensivas. Diapedese é a saída ativa de
leucócitos do sistema circulatório, por movimentos ameboides. O sangue transporta oxigênio (Figura
12.2 ), ligado à hemoglobina dos eritrócitos, e gás carbônico (CO
2
), ligado à hemoglobina e a outras
proteínas dos eritrócitos, ou dissolvido no plasma. O plasma também transporta nutrientes e
metabólitos dos locais de absorção ou síntese, distribuindo-os pelo organismo. Transporta, ainda,
escórias do metabolismo que são removidas do sangue pelos órgãos de excreção. Como veículo de
distribuição dos hormônios, o sangue possibilita a troca de mensagens químicas entre órgãos
distantes. Tem, ainda, papel regulador na distribuição de calor, no equilíbrio acidobásico e no
equilíbrio osmótico dos tecidos.
Tabela 12.1 Produtos e funções dos glóbulos do sangue.
Tipo de glóbulo
Principais produtos
Principais funções
Eritrócito
Hemoglobina
Transporte de O
2
e de CO
2
Leucócitos:
• Neutrófilo (célula
terminal)
Grânulos específicos e lisossomos (grânulos
azurófilos)
Fagocitose de bactérias e fungos
• Eosinófilo (célula
terminal)
Grânulos específicos, substâncias
farmacologicamente ativas
Defesa contra helmintos parasitos; modulação do processo
inflamatório
Participação em reações alérgicas
Ação antiviral
• Basófilo (célula
terminal)
Grânulos específicos contendo histamina e heparina
Liberação de histamina e outros mediadores da inflamação
Participação em reações alérgicas
Imunomodulação de linfócitos T
• Monócito (não é célula
terminal)
Lisossomos (grânulos azurófilos)
Diferenciação em macrófagos teciduais, que fagocitam, matam e
digerem protozoários, certas bactérias, vírus e células
senescentes
Apresentação de antígenos para linfócitos
• Linfócito B
Imunoglobulinas
Diferenciação em plasmócitos (células produtoras de anticorpos)
• Linfócito T (citotóxicos,
supressores e helper)
Substâncias que matam células. Substâncias que
controlam a atividade de outros leucócitos
(interleucinas)
Destruição de células infectadas. Modulação da atividade de
outros leucócitos
Linfócito NK (natural killer
cell)
Não tem as moléculas
marcadoras dos
linfócitos T e B
Ataca células infectadas por vírus e células
cancerosas, sem necessitar de estimulação prévia
Destruição de células tumorais e de células infectadas por vírus
Plaquetas
Fatores de coagulação do sangue
Coagulação do sangue
Composição do plasma
O plasma é uma solução aquosa que contém componentes de pequeno e de elevado peso
molecular, que correspondem a 10% do seu volume. As proteínas plasmáticas correspondem a 7% e
os sais inorgânicos, a 0,9%, sendo o restante formado por compostos orgânicos diversos, tais como
aminoácidos, vitaminas, hormônios e glicose.
Os componentes de baixo peso molecular do plasma estão em equilíbrio, através das paredes dos
capilares e das vênulas, com o líquido intersticial dos tecidos. Por isso, a composição do plasma é
um indicador da composição do líquido extracelular.
As principais proteínas do plasma são as
albuminas
, as
alfa
,
beta
e
gamaglobulinas
, as
lipoproteínas
e as proteínas que participam da coagulação do sangue, como
protrombina
e
fibrinogênio
. As albuminas , que são sintetizadas no fígado e muito abundantes no plasma sanguíneo,
desempenham papel fundamental na manutenção da pressão osmótica do sangue. Deficiência em
albuminas causa edema generalizado. As gamaglobulinas são anticorpos e, por isso, também
chamadas
imunoglobulinas
(ver Capítulo 14). O sistema de coagulação, além das plaquetas, engloba
uma cascata complexa de pelo menos 16 proteínas plasmáticas e algumas enzimas e cofatores
enzimáticos envolvidos na formação do coágulo. Além disso, enzimas plasmáticas responsáveis pela
destruição posterior do coágulo também são importantes para a restauração funcional dos vasos.
Figura 12.2
A curva mostra o grau de oxigenação do sangue em diversos vasos sanguíneos. A quantidade de oxigênio (pressão de O
2
) aumenta nos capilares
pulmonares, mantém-se alta nas artérias e cai nos capilares gerais do corpo, onde ocorrem as trocas entre o sangue e os tecidos.
Coloração das células do sangue
As células do sangue geralmente são estudadas em esfregaços preparados pelo espalhamento de
uma gota de sangue sobre uma lâmina, onde as células ficam estiradas e separadas, o que facilita a
observação ao microscópio óptico.
Esses esfregaços são corados com misturas especiais, que contêm eosina (corante ácido), azul de
metileno (corante básico) e azures (corantes básicos de cor púrpura). São muito utilizadas as
misturas de Leishman, Wright e Giemsa, designadas com os nomes dos pesquisadores que as
introduziram. Com essas misturas de corantes, as estruturas acidófilas tornam-se de cor rosa, as
basófilas, de cor azul e as que fixam os azures, ditas
azurófilas
, de cor púrpura.
Eritrócitos
Os
eritrócitos
, ou
hemácias
dos mamíferos, são anucleados e contêm grande quantidade de
hemoglobina, uma proteína transportadora de O
2
e CO
2
. Em condições normais, esses corpúsculos,
ao contrário dos leucócitos, não saem do sistema circulatório, permanecendo sempre no interior dos
vasos. Os eritrócitos humanos têm a forma de disco bicôncavo (Figura 12.3 ). Quando suspensos em
soluções isotônicas, têm em média 7,5 μm de diâmetro, com 2,6 μm de espessura próximo à sua
borda e 0,8 μm no centro. A forma bicôncava dos eritrócitos normais proporciona grande superfície
em relação ao volume, o que facilita as trocas de gases. Os eritrócitos são flexíveis, passando
facilmente pelas bifurcações dos capilares mais finos, onde sofrem deformações temporárias, mas
não se rompem.
Para saber mais
Reticulócitos
são eritrócitos imaturos recém-saídos da medula óssea, encontrados no sangue em pequenas
quantidades (0,5% a 2,5% do número de hemácias em adultos). O número elevado de reticulócitos sugere uma vida
curta dos eritrócitos e consequente resposta da medula óssea produzindo mais células; possíveis causas seriam
hemorragia ou hemólise associada a uma parasitose ou doença autoimune, por exemplo. O número reduzido de
reticulócitos sugere produção diminuída de eritrócitos; neste caso, a morfologia dos eritrócitos no esfregaço sanguíneo é
muito importante para o diagnóstico. Eritrócitos normais são uniformes e apresentam 7 a 7,9 μm de diâmetro; células
com diâmetro maior do que 9 μm são chamadas
macrócitos
, enquanto as menores que 6 μm são denominadas
micrócitos
. O grande número de eritrócitos com tamanhos variados denomina-se
anisocitose
, enquanto o aparecimento
de formas diferenciadas denomina-se
poiquilocitose
. O aumento na concentração de eritrócitos chama-se
eritrocitose
ou
policitemia
. Pode ser apenas uma adaptação fisiológica, como acontece com as pessoas que vivem em grandes
altitudes, onde a tensão de O
2
na atmosfera é baixa. Certo grau de poiquilocitose também é observado nesses
indivíduos. A policitemia pode ser relacionada com doenças com diferentes graus de gravidade. A policitemia acentuada
aumenta muito a viscosidade do sangue e pode dificultar a circulação nos capilares. Na policitemia o hematócrito está
elevado, indicando o aumento no volume ocupado pelos eritrócitos.
A concentração normal de eritrócitos no sangue é de aproximadamente 4 a 5,4 milhões por
microlitro (mm
3
), na mulher, e de 4,6 a 6 milhões por microlitro, no homem.
Por serem ricos em hemoglobina, uma proteína básica, os eritrócitos são acidófilos, corando-se
pela eosina.
A forma bicôncava é mantida por proteínas estruturais do citoesqueleto e ligadas à membrana da
hemácia, como, por exemplo, espectrina, anquirina, actina, proteína 4.1 e banda 3. Anormalidades ou
deficiências dessas proteínas levam à formação de eritrócitos deformados, como ocorre, por
exemplo, na
esferocitose
e
eliptocitose hereditária
. Eritrócitos usam energia derivada da glicose.
Cerca de 90% da glicose são degradados pela via anaeróbia até o estado de lactato, e os 10%
restantes são utilizados pela via pentose-fosfato.
Ao penetrarem a corrente sanguínea, vindos da medula óssea vermelha, na qual são formados, os
eritrócitos imaturos (reticulócitos) contêm ainda certa quantidade de ribossomos. Quando corados
apresentam uma cor azulada, devido à basofilia do RNA. Certos corantes, como o azul brilhante de
cresil, precipitam o RNA, dando origem a uma delicada rede de material basófilo, que aparece bem
corado em azul.
A molécula da
hemoglobina
(proteína conjugada com ferro) é formada por quatro subunidades,
cada uma contendo um grupo heme ligado a um polipeptídio. O grupo heme é um derivado porfirínico
que contém Fe
2+
.
Devido a variações nas cadeias polipeptídicas, distinguem-se vários tipos de hemoglobina, dos
quais três são considerados normais – as hemoglobinas A1, A2 e F.
Figura 12.3
Micrografia eletrônica de varredura de eritrócitos humanos normais. Note a forma bicôncava desses corpúsculos. (6.500×.)
Histologia aplicada
As
anemias
são caracterizadas pela baixa concentração de hemoglobina no sangue, ou pela presença de
hemoglobina não funcional, o que resulta em oxigenação reduzida para os tecidos. Muitas vezes, a anemia é
consequência de uma diminuição no número de eritrócitos. No entanto, o número de eritrócitos pode ser normal, mas
cada um deles conter pouca hemoglobina. Nesse caso, os eritrócitos se coram mal, e, por isso, este tipo de anemia é
denominado
hipocrômica
. As anemias podem ser causadas por: (1) hemorragia; (2) produção insuficiente de eritrócitos
pela medula óssea; (3) produção de eritrócitos com pouca hemoglobina; (4) destruição acelerada dos eritrócitos. Cada
uma dessas condições pode ter causas variadas, e, por esse motivo, muitas vezes as anemias são manifestações de
outras doenças subjacentes. A identificação das causas da anemia exige a análise do histórico e dos sintomas do
paciente, exame físico e testes laboratoriais como o hemograma completo, contagem de reticulócitos e análise do
esfregaço de sangue periférico. Na análise do esfregaço sanguíneo, o tamanho, a forma, a coloração e as inclusões nos
eritrócitos (geralmente contendo fragmentos de RNA, DNA, hemoglobina desnaturada ou ferro) são relevantes. A
existência de núcleos nos eritrócitos circulantes sugere saída prematura dos reticulócitos da medula óssea, ocasionada
por resposta da medula a uma forte anemia (frequentemente hemolítica ou associada a um processo tumoral). Em
algumas parasitoses, como a malária, por exemplo, é possível a observação de inclusões nos eritrócitos,
correspondentes aos parasitos.
A hemoglobina A1 (Hb A1) representa cerca de 97% e a hemoglobina A2 (Hb A2), cerca de 2%
da hemoglobina do adulto normal. O terceiro tipo de hemoglobina normal é característico do feto ,
sendo conhecido como hemoglobina fetal ou F (Hb F). Representa 100% da hemoglobina do feto e
cerca de 80% da hemoglobina do recém-nascido, e sua taxa baixa progressivamente até o oitavo mês
de idade, quando alcança 1%, porcentagem semelhante à encontrada no adulto.
A hemoglobina fetal é muito ávida pelo oxigênio, tendo importante papel na vida fetal, pois o feto
não tem acesso ao ar e obtém oxigênio do sangue materno, através da placenta.
Durante a maturação na medula óssea, o eritrócito perde o núcleo e as outras organelas, não
podendo renovar suas moléculas. Ao fim de 120 dias (em média) as enzimas já estão em nível
crítico, o rendimento dos ciclos metabólicos geradores de energia é insuficiente e o corpúsculo é
digerido pelos macrófagos, principalmente no baço .
Para saber mais
Nos pulmões, em que a pressão de oxigênio é alta, cada molécula de hemoglobina se combina com quatro moléculas
de O
2
(uma molécula de O
2
para cada Fe
2+
da hemoglobina), formando-se a
oxi-hemoglobina
. Essa combinação é
reversível, e o oxigênio transportado pela hemoglobina é transferido para os tecidos, onde a pressão de O
2
é baixa. A
combinação da hemoglobina com o CO
2
que é normalmente produzido nos tecidos origina a
carbamino-hemoglobina
.
Essa combinação também é facilmente reversível quando o sangue chega aos pulmões. No entanto, a maior parte do
CO
2
é transportada, dos tecidos para os pulmões, dissolvida no plasma. O monóxido de carbono (CO) reage com
hemoglobina, para formar a
carbo-hemoglobina
. A afinidade da hemoglobina é cerca de 200 vezes maior para CO do que
para O
2
. O monóxido de carbono aspirado desloca o O
2
e impossibilita seu transporte pela hemoglobina, determinando
uma deficiência na oxigenação dos tecidos, que pode levar à morte. Fontes exógenas comuns de CO são a fumaça do
cigarro e os produtos de combustão gerados por automóveis.
Leucócitos
Os
leucócitos
(Figura 12.5 ) são incolores, de forma esférica quando em suspensão no sangue e
têm a função de proteger o organismo contra infecções. São produzidos na medula óssea (assim como
os eritrócitos) ou em tecidos linfoides (Capítulo 14) e permanecem temporariamente no sangue.
Diversos tipos de leucócitos utilizam o sangue como meio de transporte para alcançar seu destino
final, os tecidos. São classificados em dois grupos, os
granulócitos
e os
agranulócitos
.
Os
granulócitos
têm núcleo de forma irregular e mostram no citoplasma grânulos específicos que,
ao microscópio eletrônico, aparecem envoltos por membrana. De acordo com a afinidade tintorial
dos grânulos específicos, distinguem-se três tipos de granulócitos:
neutrófilos
,
eosinófilos
e
basófilos
. Além dos grânulos específicos, essas células contêm grânulos azurófilos, que se coram em
púrpura, e são lisossomos. A Tabela 12.2 mostra a composição molecular dos grânulos específicos e
azurófilos.
Histologia aplicada
Diversas alterações hereditárias da molécula de hemoglobina causam doenças, como a
anemia falciforme
, por
exemplo. Essa doença é devida à mutação de um único nucleotídio no DNA do gene para a cadeia beta da hemoglobina.
O código GAA para ácido glutâmico é modificado para GUA, código da valina. A hemoglobina que se forma (Hb S) difere
da normal apenas pela presença de valina em vez de ácido glutâmico na posição 6 das cadeias beta da hemoglobina. No
entanto, as consequências desta substituição de apenas um aminoácido são imensas. Quando desoxigenada, como
acontece nos capilares, a Hb S se polimeriza e forma agregados que conferem ao eritrócito uma forma comparável a um
crescente ou uma foice (Figura 12.4 ). Esse eritrócito
falciforme
não tem flexibilidade, é frágil e tem vida curta. O sangue
se torna mais viscoso, e o fluxo sanguíneo nos capilares é prejudicado, levando os tecidos a uma deficiência em oxigênio
(
hipoxia
). Pode também haver lesão da parede capilar e coagulação sanguínea.
Pelo menos duas condições que afetam o metabolismo do ferro podem resultar em anemias microcíticas e
hipocrômica s, caracterizadas por eritrócitos pequenos e pouco corados: deficiência de ferro e anemias sideroblástica s.
Recém-nascidos, crianças e mulheres em idade fértil estão mais sujeitos à anemia por deficiência de ferro; este tipo de
anemia em homens e em mulheres na pós-menopausa pode indicar a existência de algum sangramento crônico (p. ex.,
gástrico). As
anemias sideroblásticas
se desenvolvem quando a incorporação de ferro no grupo heme é bloqueada,
resultando em um acúmulo de ferro na mitocôndria dos eritrócitos em desenvolvimento. Quando corados com azul da
prússia, os depósitos de ferro aparecem como um anel ao redor do núcleo dessas células ainda imaturas. O bloqueio na
incorporação do ferro pode ser devido a deficiências na atividade de enzimas envolvidas na síntese do grupo heme.
Essas deficiências podem ser hereditárias (p. ex.,
porfiria
) ou adquiridas (p. ex., envenenamento por chumbo).
Chama-se
esferocitose hereditária
um grupo de doenças das hemácias, geneticamente transmitidas, caracterizadas
por hemácias esféricas e muito vulneráveis à ação dos macrófagos, causando anemia e outros distúrbios. A
esferocitose é consequência de defeitos nas proteínas do citoesqueleto dos eritrócitos, que impossibilitam a manutenção
da forma bicôncava. A remoção cirúrgica do baço melhora os sintomas da esferocitose hereditária, porque o baço
contém grande quantidade de macrófagos e é o principal órgão em que as hemácias são normalmente destruídas (ver
Capítulo 14).
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