Figura 10.15
Elétron-micrografia de corte transversal de músculo de peixe. A foto mostra a superfície de duas células limitando um espaço extracelular em
forma de fenda. Observe as invaginações do sarcolema formando os túbulos do sistema T. Grânulos de glicogênio podem ser vistos na parte inferior esquerda da
figura. (60.000×. Cortesia de K.R. Porter.)
Figura 10.16
Micrografia eletrônica de corte longitudinal de músculo esquelético de macaco. Observe as mitocôndrias (M) entre os feixes de miofibrilas. As
pontas de seta indicam tríades – 2 em cada sarcômero – localizadas nas junções entre as bandas A e I. I, banda I; A, banda A; Z, linha Z. (40.000×. Reproduzida, com
autorização, de Junqueira LCU, Salles LMM: Ultra-Estrutura e Função Celular. Edgard Blücher, 1975.)
Figura 10.17
Diagrama da ultraestrutura de uma fibra muscular esquelética de mamífero. O sarcolema e as miofibrilas estão parcialmente cortados, para
mostrar os seguintes componentes da fibra: invaginações do sistema T são observadas no ponto de transição entre as bandas A e I, duas vezes em cada
sarcômero. O sistema T associa-se às cisternas do retículo sarcoplasmático (RS) para formar tríades. Entre os feixes de miofibrilas existem numerosas
mitocôndrias. A superfície de corte das miofibrilas mostra os filamentos finos e grossos. O sarcolema é envolvido por uma lâmina basal e por fibrilas reticulares.
(Reproduzida, com autorização, de Krstic´ RV: Ultrastructure of the Mammalian Cell. Springer-Verlag, 1979.)
Embora o filamento grosso tenha um elevado número de cabeças de miosina, em cada momento da
contração apenas um pequeno número de cabeças alinha-se com os locais de combinação da actina.
À medida que as cabeças de miosina movimentam a actina, novos locais para formação das pontes
actina-miosina aparecem. As pontes antigas de actina-miosina somente se desfazem depois que a
miosina se une à nova molécula de ATP; esta ação determina também a volta da cabeça de miosina
para sua posição primitiva, preparando-se para novo ciclo. Não existindo ATP, o complexo actina-
miosina torna-se estável, o que explica a rigidez muscular que ocorre logo após a morte (rigor
mortis).
Uma única contração muscular é o resultado de milhares de ciclos de formação e destruição de
pontes de actina-miosina. A atividade contrátil, que leva a uma sobreposição completa entre os
filamentos finos e grossos, continua até que os íons Ca
2+
sejam removidos e o complexo de
troponina-tropomiosina cubra novamente o local de combinação da actina com a miosina.
Durante a contração a banda I diminui de tamanho, porque os filamentos de actina penetram a
banda A (Figura 10.18 ). Ao mesmo tempo, a banda H – parte da banda A contendo somente
filamentos grossos – também se reduz, à medida que os filamentos finos se sobrepõem
completamente aos grossos. Como resultado, cada sarcômero e, em consequência, a fibra muscular
inteira sofrem encurtamento.
Inervação
A contração das fibras musculares esqueléticas é comandada por nervos motores que se ramificam
no tecido conjuntivo do perimísio, em que cada nervo origina numerosos ramos. No local de contato
com a fibra muscular, o ramo final do nervo perde sua bainha de mielina e forma uma dilatação que
se coloca dentro de uma depressão da superfície da fibra muscular (Figura 10.18 ). Essa estrutura
chama-se
placa motora
ou
junção mioneural
. Nesse local o axônio é recoberto por uma delgada
camada de citoplasma das células de Schwann . O terminal axônico apresenta numerosas
mitocôndrias e vesículas sinápticas com o neurotransmissor acetilcolina . Na junção, o sarcolema
forma as dobras juncionais. O sarcoplasma abaixo dessas dobras contém núcleos da fibra muscular,
numerosas mitocôndrias, ribossomos e grânulos de glicogênio.
Figura 10.18
Os desenhos esquemáticos representam a ultraestrutura e o mecanismo de contração no músculo esquelético. No desenho acima, à direita,
observam-se as ramificações de um pequeno nervo terminando nas placas motoras. Um fragmento de fibra muscular com parte da placa está representado no
desenho central. Nota-se aí o axônio envolto por mielina, em torno da qual existe uma membrana de conjuntivo. O axônio dilata-se na sua porção terminal, onde se
observa um acúmulo de mitocôndrias e de vesículas sinápticas. O endoneuro se adelgaça e se confunde com o endomísio. O sarcolema, na porção que entra em
contato com a terminação dilatada do axônio, apresenta-se pregueado. Quando ocorre contração, os filamentos de actina deslizam para o centro dos sarcômeros e,
em consequência, com exceção da faixa A, todas as faixas e o sarcômero diminuem de tamanho. A distância entre as estrias Z (que define o comprimento de um
sarcômero) diminui, o que leva ao encurtamento da miofibrila e à contração do músculo. Entre as miofibrilas notam-se mitocôndrias e retículo sarcoplasmático
(RS), o qual estabelece íntimo contato com o sistema T. O desenho superior, à esquerda, mostra um sarcômero em maior aumento, com os seus filamentos, retículo
sarcoplasmático e sistema T. A contração muscular se inicia graças à liberação de acetilcolina na terminação nervosa. Em consequência, ocorre aumento na
permeabilidade do sarcolema, processo este que se propaga, inclusive, penetrando pelo sistema T e transferindo-se ao retículo sarcoplasmático. Devido ao
aumento da permeabilidade do retículo sarcoplasmático, há saída passiva (sem gasto de energia) de íons cálcio do seu interior, desencadeando o processo da
contração muscular. Em etapa posterior, os íons são devolvidos às cisternas do retículo sarcoplasmático, graças a um mecanismo de transporte ativo, com gasto
de ATP.
Quando uma fibra do nervo motor recebe um impulso nervoso, o terminal axônico libera
acetilcolina, que se difunde através da fenda sináptica e prende-se aos receptores situados no
sarcolema das dobras juncionais. A ligação com o neurotransmissor faz com que o sarcolema torne-
se mais permeável ao sódio, o que resulta na despolarização do sarcolema. O excesso de acetilcolina
é hidrolisado pela
colinesterase
encontrada na fenda sináptica. A destruição da acetilcolina é
necessária para evitar o contato prolongado do neurotransmissor com os receptores do sarcolema.
A despolarização iniciada na placa motora propaga-se ao longo da membrana da fibra muscular e
penetra a profundidade da fibra através do sistema de túbulos transversais. Em cada tríade o sinal
despolarizador passa para o retículo sarcoplasmático e resulta na liberação de Ca
2+
, que inicia o
ciclo de contração. Quando a despolarização termina, o Ca
2+
é transportado ativamente de volta para
as cisternas do retículo sarcoplasmático, e a fibra muscular relaxa.
Histologia aplicada
A
myasthenia gravis
(miastenia) é uma doença autoimune caracterizada por fraqueza muscular progressiva, deve-se
à redução da quantidade e, sobretudo, da eficiência dos receptores para acetilcolina localizados no sarcoplasma das
junções mioneurais (placas motoras). A ineficiência dos receptores para acetilcolina é causada por anticorpos
circulantes no sangue que se ligam a esses receptores, impossibilitando a comunicação entre o nervo e a fibra
muscular. As fibras musculares tentam corrigir o defeito, fagocitando e digerindo nos lisossomos os receptores
bloqueados pelo anticorpo e produzindo novos receptores para substituir os inativados, porém os novos receptores logo
são inativados também pelo anticorpo contido no sangue. Por isso, a doença, embora tenha evolução lenta, geralmente é
progressiva.
Para saber mais
Unidades motoras
Uma fibra nervosa pode inervar uma única fibra muscular ou então ramificar-se e inervar até 160 ou mais fibras. A fibra
nervosa e as fibras musculares por ela inervadas formam uma
unidade motora
. A fibra muscular não é capaz de graduar
sua contração. Uma fibra ou se contrai com toda intensidade, ou não se contrai. As variações na força de contração do
músculo se devem às variações no número de fibras que se contraem em um determinado momento. Uma vez que os
músculos podem ser divididos em unidades motoras, o disparo de uma única célula nervosa determina uma contração
cuja força é proporcional ao número de fibras musculares inervadas pela unidade motora. Desse modo, o número de
unidades motoras acionadas e o tamanho de cada unidade controlam a intensidade da contração do músculo. O
tamanho das unidades motoras tem relação com a delicadeza de movimentos requerida do músculo. Por exemplo,
como os músculos oculares executam movimentos muito precisos, cada uma de suas fibras é inervada por uma única
fibra nervosa. O contrário acontece com os músculos maiores, como os da perna, que executam movimentos menos
precisos. Nesses músculos, uma única fibra nervosa se ramifica profusamente e inerva muitas fibras musculares,
havendo unidades motoras com mais de 100 fibras musculares.
Fusos musculares e corpúsculos tendíneos de Golgi
Todos os músculos estriados esqueléticos contêm receptores que captam modificações no próprio
músculo (proprioceptores) denominados
fusos musculares
(Figura 10.19 ). Essas estruturas são
constituídas por uma cápsula de tecido conjuntivo que delimita um espaço que contém fluido e fibras
musculares modificadas, denominadas
fibras intrafusais
, umas longas e espessas e outras menores e
mais delgadas. Diversas fibras nervosas sensoriais penetram os fusos musculares, onde detectam
modificações no comprimento (distensão) das fibras musculares intrafusais e transmitem essa
informação para a medula espinal. Neste órgão são ativados diversos mecanismos reflexos de
complexidade variável que atuam sobre determinados grupos musculares, participando do
mecanismo de controle da postura e da coordenação de músculos opostos durante as atividades
motoras, como caminhar ou correr, por exemplo.
Nas proximidades da inserção muscular, os tendões apresentam feixes de fibras colágenas
encapsuladas, nas quais penetram fibras nervosas sensoriais, constituindo os
corpúsculos
tendíneos
de Golgi
(Figura 10.20 ). Estas estruturas são proprioceptivas (captam estímulos gerados no próprio
organismo) e respondem às diferenças tensionais exercidas pelos músculos sobre os tendões. Essas
informações são transmitidas ao sistema nervoso central e participam do controle das forças
necessárias aos diversos movimentos.
Figura 10.19
Fuso muscular que mostra fibras nervosas aferentes e eferentes (em relação ao sistema nervoso central) que fazem sinapses com fibras
musculares intrafusais (fibras musculares esqueléticas modificadas). Note o terminal nervoso complexo nas fibras intrafusais e os dois tipos de fibras. Um tipo
tem pequeno diâmetro e o outro tem uma dilatação que contém muitos núcleos. Os fusos musculares participam do controle da postura corporal e coordenam a
contração de músculos que se opõem.
Figura 10.20
Corpúsculo tendíneo de Golgi . Esta estrutura capta informação sobre a diferença de tensão entre os tendões e transmite essa informação para o
sistema nervoso central, no qual elas são processadas e participam da coordenação da intensidade das contrações musculares.
Sistema de produção de energia
A célula muscular esquelética é adaptada para a produção de trabalho mecânico intenso e
descontínuo, necessitando de depósitos de compostos ricos em energia. A energia que pode ser
mobilizada com mais facilidade é a acumulada em ATP e fosfocreatina, ambos compostos ricos em
energia nas ligações fosfato, que são armazenados na célula muscular. Existe também energia nos
depósitos sarcoplasmáticos de glicogênio. O tecido muscular obtém energia para formar ATP e
fosfocreatina a partir dos ácidos graxos e da glicose. As moléculas de ácidos graxos são rompidas
pelas enzimas da β-oxidação, localizadas na matriz mitocondrial. O acetato produzido é oxidado
pelo ciclo do ácido cítrico, sendo a energia resultante armazenada em ATP (Capítulo 2). Quando o
músculo exerce atividade intensa, pode haver insuficiência de oxigênio, e a célula recorre ao
metabolismo anaeróbio da glicose (glicólise), com produção de ácido láctico. O excesso de ácido
láctico pode causar cãibras, com intensa dor muscular.
De acordo com sua estrutura e composição molecular, as fibras musculares esqueléticas podem ser
identificadas como
tipo I
, ou fibras lentas, e
tipo II
, ou fibras rápidas. As fibras do tipo I são
vermelho-escuras e ricas em sarcoplasma contendo mioglobina. Essas fibras são adaptadas para
contrações continuadas. Sua energia é obtida principalmente dos ácidos graxos que são
metabolizados nas mitocôndrias. As fibras do tipo II são adaptadas para contrações rápidas e
descontínuas. Elas contêm pouca mioglobina e, por isso, são vermelho-claras. As fibras do tipo II
podem ser subdivididas nos tipos IIA, IIB e IIC, de acordo com suas características funcionais e
bioquímicas. As fibras do tipo IIB são as mais rápidas e dependem principalmente da glicólise como
fonte de energia. Essa classificação das fibras musculares é importante para a caracterização das
doenças musculares (miopatias) nas biopsias de tecido muscular.
Nos seres humanos, os músculos esqueléticos geralmente apresentam diferentes proporções desses
tipos de fibras, conforme o músculo considerado. A diferenciação das fibras musculares nos tipos
vermelho, branco e intermediário é controlada pelos nervos. Quando se cortam, em experimentos
com animais, os nervos das fibras branca s e vermelha s e se faz reimplante cruzado, as fibras
musculares mudam seu caráter durante a regeneração , seguindo a nova inervação recebida.
Para saber mais
Outros componentes do sarcoplasma
O sarcoplasma contém grânulos de glicogênio que constituem 0,5 a 1% do peso do músculo e servem como depósito
de energia. Outro componente do sarcoplasma é a mioglobina (Figura 10.21 ), uma proteína parecida com a
hemoglobina e que é responsável pela cor vermelho-escura de algumas fibras musculares. A mioglobina serve de
depósito de oxigênio, existindo em grande quantidade nos músculos dos mamíferos que vivem no oceano e mergulham
constantemente, como focas e baleias. Os músculos que executam atividades prolongadas também são vermelhos e
têm muita mioglobina, como, por exemplo, o músculo peitoral das aves migradoras.
As fibras musculares esqueléticas têm pequenas quantidades de retículo endoplasmático granuloso e de ribossomos,
um aspecto que coincide com a reduzida síntese proteica nesse tecido.
Músculo cardíaco
O músculo do coração é constituído por células alongadas e ramificadas, com aproximadamente
15 mm de diâmetro por 85 a 100 μm de comprimento, que se prendem por meio de junções
intercelulares complexas. Essas células apresentam estriações transversais semelhantes às do
músculo esquelético, mas, ao contrário das fibras esqueléticas que são multinucleadas, as fibras
cardíacas contêm apenas um ou dois núcleos localizados centralmente (Figura 10.22 ). As fibras
cardíacas são circundadas por uma delicada bainha de tecido conjuntivo, equivalente ao endomísio
do músculo esquelético, que contém abundante rede de capilares sanguíneos.
Uma característica exclusiva do músculo cardíaco são as linhas transversais fortemente coráveis
que aparecem em intervalos irregulares ao longo da célula (Figura 10.22 ). Esses
discos
intercalares
são complexos juncionais encontrados na interface de células musculares adjacentes (Figuras 10.23 a
10.26 ). Essas junções aparecem como linhas retas ou exibem um aspecto em escada. Nas partes em
escada, distinguem-se duas regiões: a parte transversal, que cruza a fibra em ângulo reto, e a parte
lateral, que caminha paralelamente aos miofilamentos. Nos discos intercalares encontram-se três
especializações juncionais principais (Figura 10.26 ): zônula de adesão, desmossomos e junções
comunicantes. As zônulas de adesão representam a principal especialização da membrana da parte
transversal do disco, são encontradas também nas partes laterais e servem para ancorar os filamentos
de actina dos sarcômeros terminais . Os desmossomos unem as células musculares cardíacas,
impossibilitando que elas se separem durante a atividade contrátil. Nas partes laterais dos discos
encontram-se junções comunicantes responsáveis pela continuidade iônica entre células musculares
adjacentes. Do ponto de vista funcional, a passagem de íons permite que cadeias de células
musculares se comportem como se fossem um sincício, pois o sinal para a contração passa como uma
onda de uma célula para a outra.
Figura 10.21
Corte da língua , um órgão com muitas fibras musculares esqueléticas. Essas fibras aparecem na cor castanha porque o corte foi tratado por
técnica imunocitoquímica para mioglobina. As áreas claras contêm tecido conjuntivo. Na parte mais superior da fotomicrografia nota-se o epitélio estratificado
queratinizado que reveste a língua. Os núcleos celulares estão corados pela hematoxilina. (Pequeno aumento.)
A estrutura e a função das proteínas contráteis das células musculares cardíacas são praticamente
as mesmas descritas para o músculo esquelético. Todavia, no músculo cardíaco o sistema T e o
retículo sarcoplasmático não são tão bem organizados como no músculo esquelético. Na musculatura
dos ventrículos os túbulos T são maiores do que no músculo esquelético. Os túbulos T cardíacos se
localizam na altura da banda Z e não na junção das bandas A e I, como acontece no músculo
esquelético. Por isso, no músculo cardíaco existe apenas uma expansão de túbulo T por sarcômero e
não duas, como ocorre no músculo esquelético. O retículo sarcoplasmático não é tão desenvolvido e
distribui-se irregularmente entre os miofilamentos.
Figura 10.22
Desenho de um corte de músculo cardíaco. Observe os núcleos celulares centrais, as células musculares ramificadas, as estriações transversais e
os discos intercalares (típicos deste músculo.)
Figura 10.23
Fotomicrografia de músculo cardíaco. Note a estriação transversal e os discos intercalares (pontas de seta).
As tríades não são frequentes nas células cardíacas, pois os túbulos T geralmente se associam
apenas a uma expansão lateral do retículo sarcoplasmático. Por isso, ao microscópio eletrônico, uma
das características do músculo cardíaco são os achados de
díades
, constituídas por um túbulo T e
uma cisterna do retículo sarcoplasmático. As tríades do músculo esquelético são constituídas por um
túbulo T e duas cisternas do retículo sarcoplasmático.
O músculo cardíaco contém numerosas mitocôndrias (Figuras 10.24 e 10.27 ), que ocupam
aproximadamente 40% do volume citoplasmático, o que reflete o intenso metabolismo aeróbio desse
tecido. Em comparação, no músculo esquelético as mitocôndrias ocupam apenas cerca de 2% do
volume do citoplasma. O músculo cardíaco armazena ácidos graxos sob a forma de triglicerídios
encontrados nas gotículas lipídicas do citoplasma de suas células. Existe pequena quantidade de
glicogênio, que fornece glicose quando há necessidade. As células musculares cardíacas podem
apresentar grânulos de lipofuscina, localizados principalmente próximo às extremidades dos núcleos
celulares. A lipofuscina é um pigmento que aparece nas células que não se multiplicam e têm vida
longa.
As fibras cardíacas apresentam grânulos secretores (Figura 10.28 ) recobertos por membrana,
medindo 0,2 a 0,3 μm e localizados próximo aos núcleos celulares, na região do aparelho de Golgi .
Esses grânulos são mais abundantes nas células musculares do átrio esquerdo (cerca de 600 grânulos
por célula), mas existem também no átrio direito e nos ventrículos. São grânulos que contêm a
molécula precursora do hormônio ou peptídio atrial natriurético (
ANP
,
a
trial
n
atriuretic
p
eptide).
Este hormônio atua nos rins, aumentando a eliminação de sódio (
natriurese
) e água (
diurese
) pela
urina. O hormônio natriurético tem ação oposta à da aldosterona , um hormônio antidiurético que atua
nos rins promovendo a retenção de sódio e água. Enquanto a aldosterona aumenta a pressão arterial,
o hormônio natriurético tem efeito contrário, fazendo baixar a pressão arterial.
No coração existe uma rede de células musculares cardíacas modificadas, acopladas às outras
células musculares do órgão, que têm papel importante na geração e condução do estímulo cardíaco,
de tal modo que as contrações dos átrios e ventrículos ocorrem em determinada sequência, tornando
possível que o coração exerça com eficiência sua função de bombeamento do sangue. Esse sistema
será estudado no Capítulo 11.
Compartilhe com seus amigos: |