domingo – 17H00 C3 – Grande Auditório
Farinelli: Il Castrato
George Frideric Handel: Cara sposa
Filmes: Farinelli: Il Castrato; Love Lessons
Johann Adolf Hasse: Son qual nave ch'agitata
Filmes: Farinelli: Il Castrato
George Frideric Handel: Abertura de Rinaldo
Filmes: Farinelli: Il Castrato; Love Lessons
Giovanni Batista Pergolesi: Salve Regina
Filmes: Farinelli: Il Castrato
George Frideric Handel: Concerto Grosso, op. 3/3
Filmes: Farinelli: Il Castrato; A Loucura do Rei George
Riccardo Broscchi: Qual guerriero in campo armato
Filmes: Farinelli: Il Castrato
Concerto de’ Cavalieri
Marcello Di Lisa, direção musical
Vivica Genaux, meio-soprano
Com este programa propõe-se ao público uma seleção das músicas escolhidas pelo realizador Gérard Corbieau para o seu filme Farinelli, de 1994, baseado na vida do célebre castrato italiano Carlo Broschi, universalmente conhecido pelo nome que dá o título ao filme. Através desses trechos revelam-se não apenas o ambiente cultural em que Farinelli viveu, se exibiu e se tornou ano após ano num dos ícones incontestáveis do canto na Europa, como também os grandes compositores da época: sobretudo Johann Adolf Hasse, significativo compositor de ópera que, tal como Nicola Porpora, foi um dos mais importantes músicos que escreveram expressamente para o célebre castrato e que aqui será representado pela ária «Son qual nave» da ópera Artaserse. Presente estará também Georg Friedrich Händel, provavelmente o maior compositor de ópera do seu tempo, com a extraordinária e dilacerante ária «Cara sposa», de Rinaldo. E, ainda, o irmão do próprio Farinelli, Riccardo Broschi, que para ele compôs diversas árias, entre as quais a espetacular «Qual guerriero in campo armato», da ópera Idaspe, inteiramente alicerçada no virtuosismo vocal. Por fim, como representante das origens napolitanas do grande castrato, Giovanni Battista Pergolesi com o seu «Salve regina», composição menos conhecida do que o famosíssimo «Stabat mater» mas não menos relevante do ponto de vista musical.
Através destas músicas deduz-se no entanto aquele que talvez seja o dado mais importante, na ótica do encenador autor do filme: a excecional vocalidade do intérprete, determinada não apenas pela sua particular voz de castrato, mas também pelo inalcançável talento do cantor, que era evidentemente dotado de um virtuosismo raro e de uma extensão mirabolante, que atingia tanto os cumes da voz de soprano como as profundezas inusitadas do contralto.
Para fazer reviver a figura de Farinelli surgirá Vivica Genaux, aclamada intérprete do barroco internacional, mas não só, que com os seus reconhecidos dotes de virtuosismo encarna na perfeição o mito de Carlo Broschi, ainda hoje intato, se não renovado, testemunhando a particular grandeza histórica e musical do personagem.
domingo – 19H00 C4 – Grande Auditório
WOLFGANG Amadeus MOZART: REQUIEM
Wolfgang Amadeus Mozart: Requiem
Filmes: Amadeus; O Caso do Colar; SLC Punk!; Solitaire for Two; Duplex; Incredible True Story of Two Girls in Love; X-2; O Grande Lebowski; A Raíz do Medo; Elizabeth; De Olhos Bem Fechados
Anna Samuil, soprano
Cátia Moreso, meio-soprano
Bruno Ribeiro, tenor
João de Oliveira , baixo
Voces Caelestes
Sérgio Fontão, maestro
Orquestra Metropolitana de Lisboa
Leonardo García Alarcón , direção musical
Apesar das adversidades que Mozart enfrentou ao longo da vida, o seu valor era amplamente reconhecido à data da morte. De tão prematura, esta também contribuiu para uma devoção que se estende até hoje, dando origem a inúmeros relatos inverosímeis em torno de episódios que têm a sua figura como protagonista. Alguns dos casos mais representativos deste fenómeno focam particularmente este Requiem. Surgem então os mais apreciados ingredientes de um bom enredo cinematográfico. Recordemos o célebre filme Amadeus, realizado por Miloš Forman em 1984 – a dedicação incondicional do génio à sua arte, personagens misteriosas que omitem a identidade entre ações conspirativas, e, porventura o mais importante, a morte, reforçada pelo género musical que lhe está mais diretamente relacionado. Com efeito, o Requiem é uma celebração fúnebre do ritual cristão que, na sua expressão musical, consiste na entoação de passagens bíblicas e orações que aludem à entrada dos mortos no céu. Para além das partes tradicionais de uma missa, tais como o Kyrie ou o Agnus Dei, integra secções mais específicas, como o Confutabis, onde se evocam as almas condenadas e lançadas às chamas do inferno.
Mozart morreu em dezembro de 1891. Em julho desse ano havia recebido uma encomenda de Franz von Walsegg, um aristocrata vienense que pretendia assim celebrar postumamente a sua esposa, falecida cinco meses antes. Por essa altura, achava-se assoberbado de trabalho, vendo-se obrigado a dispersar a atenção por outras obras de equivalente importância; designadamente, a ópera séria La Clemenza di Tito, para a coroação do Imperador Leopoldo II, em Praga, cuja estreia viria a ter lugar em setembro, e o singspsiel A Flauta Mágica, entre outras. Em virtude de tudo disto, o Requiem não estava terminado quando morreu, até porque a efeméride que lhe cumpria assinalar só aconteceria no mês de fevereiro seguinte. Para poder receber o dinheiro da encomenda, a viúva necessitou da partitura completada. Pediu por isso ajuda a Franz Xaver Süssmayr, que havia assistido Mozart nos últimos meses de trabalho. Assim, Süssmayr completou as orquestrações da Sequenza e do Offertorium, e terá composto de raiz o Sanctus, o Benedictus e o Agnus Dei. Numa carta datada de 1800, Süssmayr escreveu: «Coube-me esta tarefa, talvez por se saber que, em tempo de vida do compositor, cantei e toquei muitas vezes consigo as partes que já estavam compostas. Ele falava-me frequentemente dos detalhes da composição e explicava-me o propósito da instrumentação. O mais que posso desejar é, pelo menos, ter conseguido que os melómanos reconheçam aqui e acolá alguns traços dos seus inesquecíveis ensinamentos.
Rui Campos Leitão
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