SINCRETISMO
SANTA BÁRBARA
(04 de dezem bro)
Segundo a tradição, Bárbara vivia encarcerada num a torre pelo próprio pai.
Convertida à fé cristã, fugiu e foi condenada à m orte. O pai, substituindo o algoz,
cortou-lhe o pescoço com um a espada, sendo, então, atingido por um raio.
REG ISTROS
Itãs
Oiá não podia ter filhos e, então, consultou um babalaô, que lhe aconselhou a
fazer um a oferenda com carneiro (agutã), búzios e roupas coloridas.
Iansã cum priu o com binado à risca e teve nove filhos. Quando ia ao m ercado
vender azeite de dendê todos com entavam “Lá vai Iansã!”, ou sej a, “Lá vai
aquela que se tornou m ãe nove vezes!”.
Em sinal de respeito e gratidão, Iansã não m ais com eu carneiros.
Iansã não podia ter filhos e por isso procurou um babalaô
11
. Ele lhe explicou
que engravidaria som ente quando fosse possuída violentam ente por um hom em .
Xangô, um dia, possuiu Iansã com violência e ela deu à luz nove filhos. Dos
nove, oito eram m udos, e Iansã procurou novam ente o babalaô, que lhe disse
para fazer oferendas.
Algum tem po depois nasceu um filho que não era m udo, m as tinha a voz bem
rouca, cavernosa. Esse filho era Egungum , ancestral de cada fam ília e cada
cidade.
Quando Egungum vem dançar com seus descendentes, usando suas
param entas específicas, a única m ulher diante da qual ele se curva é Iansã.
O sacerdote de Ifá é o Babalaô (“pai do segredo”; não confundir com o babalaô
de Um banda, sinônim o de dirigente espiritual ou babá). O Alabá é o chefe dos
Oluôs (o oluô é um grau entre os sacerdotes de Ifá), sendo alabá tam bém o
sacerdote-chefe da sociedade secreta Egungum , bem com o título de honra de
algum as autoridades do Candom blé, o que não deve ser confundido. O iniciante é
cham ado de Kekereaô-Ifá, tornando-se Om o-Ifá (filho de Ifá) após o cham ado
pacto. O sistem a divinatório de Ifá, aliás, não se restringe apenas aos búzios, m as
abarca outras técnicas, dentre elas os iquines (16 caroços de dendê) e o opelê
(corrente fina, aberta em duas, contendo cada parte 04 caroços de dendê). O
Culto a Ifá, cuj o patrono é Orunm ilá (sím bolo: cam aleão), tem crescido no
Brasil, havendo diversas casas a ele dedicadas. Tanto Orunm ilá quanto Exu têm
perm issão para estarem próxim os a Olorum quando necessário, daí sua
im portância. Senhor dos destinos, Orunm ilá rege o plano onírico; é aquele que
sabe tudo o que se passa sob a regência de Olorum , no presente, no passado e no
futuro. Tendo acom panhado Odudua na fundação de Ilê Ifé, é conhecido com o
“Eleri Ipin” (“testem unho de Deus” - aliás, sua saudação), “Ibikej i Olodum aré”
(“vice de Deus”), “Gbaiy egborun” (“o que está na terra e no céu”) e “Opitan
Ifé” (“o historiador de Ifé”). Por ordens de Olorum , além de ter participado da
criação da terra e do hom em , Orunm ilá auxilia cada um a viver seu cotidiano e a
vivenciar seu próprio cam inho, isto é, o destino para seu Ori (Cabeça). Seus
porta-vozes são os cham ados babalaôs (pais do segredo), iniciados
especificam ente no culto a Ifá. No caso dos búzios, entretanto, os babalaôs são
cada vez m ais raros, sendo os m esm os lidos e interpretados por Babalorixás,
ialorixás e outros devidam ente preparados (a preparação e as form as de leitura
podem variar bastante do Candom blé para a Um banda e de acordo com a
orientação espiritual de cada casa e cada ledor/ledora). Cada ser hum ano é
ligado diretam ente a um Odu, que lhe indica seu Orixá individual, bem com o sua
identidade m ais profunda.
Oiá recebeu o conselho de sem pre estar ao lado de seu m arido, Xangô, e de
não retornar à sua terra natal, onde estava sua fam ília.
Com o coração dividido, desconsiderou o conselho e retornou a Irá. Porém ,
um dia, recebeu a notícia da m orte de Xangô e ficou tão triste que transform ou-
se num rio, o Odô Oiá - tam bém conhecido com o rio Níger.
Iansã adorava suas j oias. Um dia quis sair de casa com elas, m as seus pais não
perm itiram , argum entando que era perigoso.
Tem pestuosa, Iansã entregou suas j óias a Oxum e varou o teto da casa,
voando, ventando.
A liberdade do vento é considerada superior à coqueteria e à vaidade, atributos
de Oxum , em oposição à sensualidade eólica de Iansã.
Orikis
O oriki abaixo é um a transcriação feita por Antonio Risério.
Oriki de Oiá-Iansã
Leopardo que come pimenta crua.
Mulher de vestes vistosas.
Cabaça rara, diante do marido.
Eparrei!
O que Xangô disser
Oiá logo saberá.
Ela entende o que Xangô
Nem chegou a falar.
E o que ele quiser dizer
Oiá dirá.
Ê Ê ê-par-rei!
Oiá, árvores desarvora.
Adeus, morte.
Minha mãe da roupa de fogo.
Nada de mentiras para ti.
Nada de mentiras para ti.
As marcas na tua pele que calam o alabé.
Oiá ô
Mulher neblina no ar.
Oiá, leopardo que come pimenta crua.
Neste oriki, Iansã, m ãe e m ulher, m ais um a vez aparece em paralelism o com
alguns atributos de Xangô.
PONTOS CANTADOS
Iansã
Mulher divina do Axé
Eparrei, Oyá!
Santa Bárbara ela é (2X)
Já trovejou
Já relampeou
Sua espada luminosa
Ela segurou
Eram duas ventarolas, eram duas ventarolas
Que iam beirando o mar (2X)
Uma era Iansã, eparrei!
A outra era Iemanjá, Odociá! (2X)
Na Um banda, ainda que pertencendo à cham ada Linha d´Água (Iabás), Iansã
tam bém se associa ao vento, às tem pestades e ao tem po.
MPB
A Deusa dos Orixás
(Rom ildo S. Bastos e Toninho Nascim ento)
Iansã, cadê Ogum? Foi pro mar (2X)
Mas Iansã, cadê Ogum? Foi pro mar (2X)
Iansã penteia os seus cabelos macios
Quando a luz da lua cheia clareia as águas do rio
Ogum sonhava com a filha de Nanã
E pensava que as estrelas eram os olhos de Iansã
Mas Iansã, cadê Ogum? Foi pro mar (2X)
Iansã, cadê Ogum? Foi pro mar (2X)
Na terra dos orixás, o amor se dividia
Entre um deus que era de paz
E outro deus que combatia
Como a luta só termina quando existe um vencedor
Iansã virou rainha da coroa de Xangô
Mas Iansã, cadê Ogum? Foi pro mar (2X)
Iansã, cadê Ogum? Foi pro mar (2X)
Deixa a gira girar
(Mateus Aleluia, Dadinho e Heraldo)
Meu Pai veio de Aruanda
E a nossa Mãe é a Iansã
Meu Pai veio de Aruanda
E a nossa Mãe é a Iansã
Oh gira deixa a gira girar
Oh gira deixa a gira girar
Deixa a gira girar, saravá Iansã!
É Xangô e Iemanjá
Deixa a gira girar
Oh gira deixa a gira girar
Oh gira deixa a gira girar
Dois clássicos da MPB que consagraram Iansã e outros Orixás no im aginário
da cultura afro-brasileira, levando conceitos religiosos e espirituais, m itos e
tradições para fora dos m uros dos terreiros.s
NA NÃ
Associada às águas paradas e à lam a dos pântanos, Nanã é a decana dos
Orixás. De origem daom eana, incorporada ao panteão iorubá, foi a prim eira
esposa de Oxalá, tendo com ele três filhos: Iroko (ou Tem po), Obaluaê (ou
Om olu) e Oxum aré.
Senhora da vida (lam a prim ordial) e da m orte (dissolução do corpo físico na
terra), seu sím bolo é o ibiri, feixe de ram os de folha de palm eiras, com a ponta
curvada e enfeitado com búzios. Segundo a m itologia dos Orixás, trata-se do
único Orixá a não ter reconhecido a soberania de Ogum por ser o senhor dos
m etais: porm etais. Por isso, nos Cultos de Nação, o corte (sacrifício de anim ais)
feito a Nanã nunca é feito com faca de m etal. Presente na chuva e na garoa:
banhar-se com as águas da chuva é banhar-se no e com o elem ento de Nanã.
No tocante à reencarnação, envolve o espírito num a irradiação única, diluindo
os acúm ulos energéticos e adorm ecendo sua m em ória, de m odo a ingressar na
nova vida sem se lem brar das anteriores. Representa, ainda, a m enopausa,
enquanto Oxum estim ula a sexualidade fem inina e Iem anj á, a m aternidade.
Nanã rege a m aturidade, bem com o atua no racional dos seres.
Características
Anim ais: cabra, galinha e pata brancas.
Bebida: cham panhe.
Chacras: frontal e cervical (nishudda).
Cores: roxo ou lilás (branco e azul).
Com em oração: 26 de j ulho (Sant´Ana).
Com idas: aberum , feij ão preto com purê de batata doce, m ungunzá.
Contas: contas, firm as e m içangas de cristal lilás.
Corpo hum ano e saúde: dor de cabeça e problem as intestinais.
Dias da sem ana: sábado, segunda-feira.
Elem ento: água.
Elem entos incom patíveis: lâm inas, m ultidões.
Ervas: m anj ericão roxo, ipê roxo, colônia, folha-da-quaresm a, erva-de-
passarinho, dam a-da-noite, canela-de-velho, salsa-da-praia, m anacá.
Essências: dália, lim ão, lírio, narciso, orquídea.
Flores: roxas.
Metais: latão, níquel.
Pedras: am etista, cacoxenita, tanzanita.
Planetas: Lua e Mercúrio.
Pontos da natureza/de firm eza: águas profundas, cem itérios, lam a, lagos,
pântanos.
Saudação: Saluba, Nanã! (“Nós nos refugiam os em Nanã!”; ou “Salve a
Senhora da Lam a/do Poço!”, ou ainda “Salve a Senhora da Morte!”)
Sím bolos: chuva, ibiri.
Sincretism o: Sant´Ana.
SINCRETISMO
NOSSA SENHORA DE SANT´ANA
(26 de j ulho)
Segundo a tradição, m ãe de Maria e, portanto, avó de Jesus. Esposa de São
Joaquim .
REG ISTROS
Itãs
Quando recebeu ordens de Olorum para criar o hom em , Oxalá se utilizou, sem
sucesso, de várias m atérias-prim as.
Tentou o ar, m as o hom em se desfez rapidam ente. Experim entou a m adeira,
m as o hom em ficou m uito duro. O m esm o, e com m ais intensidade, aconteceu
com a pedra. Com o fogo, nada feito, pois o hom em se consum iu. Oxalá tentou
outros elem entos, com o água e azeite.
Então Nanã, com seu ibiri, apontou para o fundo do lago e de lá retirou a lam a,
que entregou a Oxalá para ele fazer o hom em . Deu certo: o hom em foi
m odelado de barro e, com o sopro de Olorum , ganhou vida.
Quando m orre, o corpo físico do hom em retorna à terra de onde veio por
em préstim o de Nanã.
Nanã, a força do fem inino com o co-participante da criação do hom em .
Animus e anima integrados.
Nanã teve dois filhos: Oxum aré e Om olu. Oxum aré era lindo, Om olu era feio.
Então Nanã cobriu Om olu com palhas para que não fosse visto e ninguém risse
dele.
Quanto a Oxum aré, que tinha a beleza do hom em , da m ulher e das cores,
Nanã o elevou até o céu e aí o pregou, onde pode ser adm irado em suas cores,
quando o arco-íris vem com a chuva.
No fundo, os dois filhos passaram a viver solitariam ente e longe da m ãe. A
partir do itã, pode-se refletir sobre a opção entre “criar os filhos para o m undo”
ou superprotegê-los.
Nanã e Ogum eram rivais.
Ogum é o senhor do ferro, do aço e dos m etais. Sem ele, não havia sacrifícios.
Por isso era sem pre louvado, lem brado antes dos sacrifícios rituais.
Irritada com o devotam ento a Ogum , Nanã afirm ou que não precisaria m ais
dele. Ogum perguntou com o com eria sem faca. Nanã decretou que os sacrifícios
a ela seriam feitos sem faca e, portanto, sem a necessidade de se pedir licença a
Ogum .
Passado e presente degladiam . Tecnologia e m udanças. A m etalurgia se
sobrepondo às eras em que o ferro não era de todo conhecido ou utilizado.
Orikis
O oriki abaixo (ou fragm ento) foi coletado e traduzido por Pierre Verger.
Proprietária de um cajado.
Salpicada de vermelho, sua roupa parece coberta de sangue.
Orixá que obriga os fon a falar nagô.
Minha mãe era inicialmente da região bariba.
Água parada que mata de repente.
Ela mata uma cabra sem utilizar a faca.
O oriki apresenta alguns aspectos da m igração histórica do culto a Nanã, bem
com o o respeito à particularidade da não-utilização da faca de m etal.
PONTOS CANTADOS
São flores, Nanã, são flores
São flores Nanã Buruquê
São flores, Nanã, são flores
De meu Pai Obaluaê (2X)
Na hora da agonia
É ele quem vem nos valer
É seu filho, Nanã, é meu pai, Nanã
Ele é Obaluaê (2X)
Oh Nanã Adjaosi, olha eu
Oh Nanã Adjaosi, olha eu
Oh Nanã, o que pedir
Você me dá
Oh Nanã o que eu pedir
Você me dá
Em am bos os pontos Nanã aparece associada a Obaluaê (Adj aosi é um a
qualidade de Nanã que cam inha com Om olu).
MPB
Cordeiro de Nanã
(Mateus Aleluia)
Fui chamado de cordeiro mas não sou cordeiro não
Preferir ficar calado que falar e levar não
O meu silencio é uma singela oração a minha santa de fé
Meu cantar vibra as forças que sustentam meu viver
Meu cantar é um apelo que eu faço a Nanã ê
SOU DE NANÃ Ê UÁ Ê UÁ Ê UÁ Ê
SOU DE NANÃ Ê UÁ Ê UÁ Ê UÁ Ê
SOU DE NANÃ Ê UÁ Ê UÁ Ê UÁ Ê
O que peço no momento é silêncio e atenção
Quero contar sofrimento que passamos sem razão
O meu lamento se criou na escravidão que forçado passei
Eu chorei, sofri as duras dores da humilhação
Mas ganhei pois eu trazia Nanã ê no coração
SOU DE NANÃ Ê UÁ Ê UÁ Ê UÁ Ê
SOU DE NANÃ Ê UÁ Ê UÁ Ê UÁ Ê
SOU DE NANÃ Ê UÁ Ê UÁ Ê UÁ Ê
A paciência e a sabedoria de Nanã orientam a voz poética, segundo seu relato.
NANÃ PARA CRIANÇAS
Este texto eu escrevi para crianças, num ciclo de narrativas e relatos sobre
Iabás.
Nanã é a avó de quem todos tom am a bênção. É a m atriarca doce e firm e que
protege filhos e netos. Velhinha bastante anim ada, adora dançar com seus passos
lentos. Com o seu ritm o é m ais suave, Nanã gosta de viver m ais recolhida, onde
houver águas paradas, em águas profundas, nos lagos e nos pântanos, por
exem plo. Tam bém pode ser vista passeando nos cem itérios, com o a lem brar a
todos nós que nossos corpos um dia vão se j untar à terra, ao pó, à lam a.
Carrega sem pre consigo o ibiri, um a espécie de feixe de ram os de folhas de
palm eiras, com a ponta recurvada e enfeitado com búzios. Com ele nos braços,
com o a em balar um bebê, Nanã faz sua coreografia, em especial na chuva e na
garoa: é um a avozinha radical!
Anda sem pre arrum adinha, alinhada, não gosta de suj eira ou bagunça. Sua cor
preferida é o roxo, ou m esm o o lilás. Gosta m uito de receber flores com essas
cores. Não dispensa um bom prato: aberum (m ilho torrado e pilado), feij ão preto
com purê de batata doce e, de sobrem esa, m ungunzá (canj ica).
Os m ais velhos contam que, quando recebeu ordens de Olorum (Deus
Suprem o) para criar o hom em , Oxalá (Pai Maior dos Orixás) se utilizou, sem
sucesso, de várias m atérias-prim as. Tentou o ar, m as o hom em se desfez
rapidam ente. Experim entou a m adeira, m as o hom em ficou m uito duro. O
m esm o, e com m ais intensidade, aconteceu com a pedra. Com o fogo, nada
feito, pois o hom em se consum iu. Oxalá tentou outros elem entos, com o água e
azeite. Nada funcionava. Então Nanã, com seu ibiri, apontou para o fundo do lago
e de lá retirou a lam a que entregou a Oxalá para ele fazer o hom em . Deu certo:
o hom em foi m odelado de barro e, com o sopro de Olorum , ganhou vida. Por
isso, quando m orre, o corpo físico do ser hum ano retorna à terra de onde veio por
em préstim o de Nanã, aquela que passeia pelos cem itérios.
Assim é Nanã, essa m atriarca.
I E M A NJ Á
Considerada a m ãe dos Orixás, divindade dos Egbé, da Nação Iorubá, está
ligada ao rio Yem oj á. No Brasil, é a rainha das águas e dos m ares. Protetora de
pescadores e j angadeiros, suas festas são m uito populares no país, tanto no
Candom blé quanto na Um banda, especialm ente no extenso litoral brasileiro.
Senhora dos m ares, das m arés, da onda, da ressaca, dos m arem otos, da pesca, da
vida m arinha em geral.
Conhecida com o Deusa das Pérolas, é o Orixá que apara a cabeça dos bebês
na hora do nascim ento. Rege os lares, as casas, as uniões, as festas de casam ento,
as com em orações fam iliares. Responsável pela união e pelo sentido de fam ília,
sej a por laços consanguíneos ou não.
Características
Anim ais: peixe, cabra branca, pata ou galinha branca.
Bebidas: água m ineral, cham panhe.
Chacra: frontal.
Cor: cristal (branco, azul claro, rosa claro, verde claro).
Com em orações: 02 de fevereiro, 08 de dezem bro, 15 de agosto.
Com idas: arroz, canj ica, cam arão, m am ão, m anj ar, peixe.
Contas: contas e m içangas de cristal, com firm as em cristal.
Corpo hum ano e saúde: psiquism o, sistem a nervoso.
Dia da sem ana: sábado.
Elem ento: água.
Elem entos incom patíveis: poeira, sapo.
Ervas: colônia, pata-de-vaca, em baúba, abebê, j arrinha, golfo, ram a-de-leite.
Essências: j asm im , rosa branca, crisântem o, orquídea.
Flores: rosas brancas, palm as brancas, angélicas, orquídeas e crisântem os
brancos.
Metal: prata.
Pedras: água m arinha, calcedônia, lápis-lazúli, pérola, turquesa.
Planeta: Lua.
Ponto da natureza: m ar.
Saudações: Odoya!, Odoyá! ou Odofiaba! (“Mãe das Águas!”)
Sím bolos: lua m inguante, ondas, peixes.
Sincretism o: N. sra. das Candeias, N. sra. da Glória, N. sra. dos Navegantes, N.
sra. da Im aculada Conceição.
SINCRETISMO
NOSSA SENHORA DOS NAVEGANTES
(Festa: 02 de fevereiro)
Celebrada em diversas localidades do país, em rios e m ares. Principalm ente as
casas de Candom blé festej am Iem anj á nessa data, em diversos pontos do litoral
brasileiro.
NOSSA SENHORA DAS CANDEIAS
Tam bém celebrada em 02 de fevereiro, trata-se da festa de purificação de
Nossa Senhora, conform e os preceitos j udaicos.
NOSSA SENHORA DA GLÓRIA
(Festa: 15 de agosto)
A data associava-se, ainda, à Assunção de Nossa Senhora, que passou a ser
celebrada no dom ingo seguinte ao 15 de agosto, em alteração do calendário da
Igrej a Católica para atender às particularidades do povo brasileiro.
NOSSA SENHORA DA IMACULADA CONCEIÇÃO
(Festa: 08 de dezem bro)
Enquanto no Candom blé geralm ente se celebra Oxum nessa data, na
Um banda a m aioria das casas festej a Iem anj á, em vários pontos do litoral
brasileiro. A Im aculada Conceição de Maria é um dogm a da Igrej a Católica,
proclam ado solenem ente pelo Papa Pio em 1854, em bora houvesse antecedentes
na história da Igrej a.
REG ISTROS
Itãs
Obatalá e Odudua
12
, Céu e Terra, geraram Aganj u e Iem anj á.
Aganj u e Iem anj á geraram Orungã, apaixonado pela própria m ãe.
Um dia, com o pai ausente, Orungã violentou Iem anj á, que, estarrecida, fugiu
em disparada, perseguida por ele. Quando estava prestes a ser alcançada,
Iem anj á caiu. Seu corpo cresceu e cresceu, com o vales e m ontanhas. Dos seios
surgiram dois rios, que se j untaram num a lagoa, da qual se form ou o m ar.
De seu ventre, que tam bém havia crescido de m odo incom um , nasceram os
Orixás.
Diversos m itos abordam questões de tabu, com o o incesto. Toda a fem inilidade
de Iem anj á favorece a reprodução: dos seios túrgidos surgem as águas,
fundam entais para a existência; do ventre, nascem os Orixás.
Iem anj á, com o seu com panheiro Aganj u, é fruto do Céu e da Terra: as
polaridades horizontais (m asculino e fem inino) conj ugam -se a partir das
polaridades verticais (Céu e Terra), corpo e espírito fundam entando a existência.
Iem anj á, m uito linda, um dia veio à praia e conheceu um pescador, levando-o
para sua m orada no fundo do m ar. Am aram -se com ardor; porém , por ser
hum ano, o pescador m orreu afogado. Iem anj á, então, devolveu seu corpo, sem
vida.
Desej osa de am ar, a cada noite se enam ora de um pescador que saiu ao m ar,
leva-o para as profundezas, am am -se, o hom em m orre afogado e o corpo é
devolvido à praia.
Por esse m otivo, noivas e esposas pedem a Iem anj á que não leve seus hom ens
e lhe ofertam presentes.
Odudua, aqui, assim com o em diversas fontes, aparece com o elem ento fem inino
- o que, segundo Verger, resulta da confusão feita com Yem owo por parte de
autores que, ao longo do tem po, copiaram -se m utuam ente.
Narrativa em que o elem ento m asculino aparece m orto a cada ato sexual,
sendo necessário que se encontre outro, à prim eira vista assem elha-se à
narrativa-base de Scherazade, em que a cada m anhã a esposa do príncipe
Shariar era m orta, sendo necessária nova núpcia. Contudo, no itã, lido em
profundidade, o elem ento am oroso não é anulado: antes é dissociado do físico, do
corpóreo, do m aterial, para adentrar no plano dos m istérios. O corpo pertence à
terra (praia), o espírito pertence ao infinito (profundeza dos oceanos) - que,
certam ente, aqui pode ser lido com o sinônim o da eternidade. O corpo não é
negado (pois ele, aliás, é im prescindível para a conj ugação carnal), m as
com preendido com o fundam ental para esta existência, e não para viagens
(m ergulhos) m ais profundos.
Desde o início da criação, os seres hum anos com eçaram a poluir o m ar. Por
essa razão, Iem anj á e sua casa viviam suj as. Então Iem anj á foi reclam ar com
Olorum , que lhe deu o poder de devolver à praia tudo o que suj asse as águas do
m ar. Surgiram , assim , as ondas, que devolvem à terra o que não pertence ao m ar.
Itã de m atiz ecológica sobre a responsabilidade de cuidar do que é seu e de
todos, antes que a natureza reaj a com veem ência.
Evoca a Lei de Ação e Reação, segundo a qual tudo o que se m obiliza
energeticam ente produz um a força reativa na m esm a proporção - o que,
popularm ente e por influência de diversos segm entos da Espiritualidade da Índia,
se conhece com o karm a.
Orikis
O oriki abaixo é um a transcriação literária de Antonio Risério a partir do
iorubá:
Oriki de Iem anj á
Iemanjá que se estende na amplidão
Aiabá que vive na água funda
Faz a mata virar estrada
Bebe cachaça na cabaça
Permanece plena em presença do rei.
Iemanjá se revira quando vem a ventania
Gira e rodopia em volta da vila.
Iemanjá descontente destrói pontes.
Come na casa, come no rio.
Mãe senhora do seio que chora.
Pelo espesso na buceta
Buceta seca no sono
Como inhame ressequido.
Mar, dono do mundo, que sara qualquer pessoa.
Velha dona do mar.
Fêmea-flauta acorda em acordes na casa do rei.
Descansa qualquer um em qualquer terra.
Cá na terra, cala - à flor d’água, fala.
A Rainha do Mar, em sua plenitude de fem inilidade, sensualidade erotism o,
com características bastante hum anas.
O oriki abaixo foi recolhido por Pierre Verger:
Rainha das águas que vem da casa de Olokum.
Ela usa, no mercado, um vestido de contas.
Ela espera orgulhosamente sentada, diante do rei.
Rainha que vive nas profundezas das águas.
Ela anda à volta da cidade.
Insatisfeita, derruba as pontes.
Ela é proprietária de um fuzil de cobre.
Nossa mãe de seios chorosos.
Este oriki privilegia aspectos da m aternidade, da m ãe-nutriz altaneira, cuj as
características são m arinhas (origem , vestim entas), dotada da força e do poder
das águas.
Compartilhe com seus amigos: |