Para a maior parte das pessoas, os períodos menstruais são vistos como uma inconveniência, algo sujo: estamos programadas para pensar assim. Não vemos o sangue menstrual como o ninho da humanidade onde cresce a nossa vida, o néctar mais puro e precioso que existe.
Para contrapor toda a negatividade que se acumulou ao longo de gerações e milénios, é preciso criar uma imagem muito positiva da menstruação e da feminilidade num aspecto mais real. Na nossa sociedade tenta-se esconder, parece que nada acontece, mas isso é negar um facto que precisa de um tratamento diferente, quando se está a sangrar o resto do corpo não se comporta como se nada estivesse a acontecer. Se estamos a sangrar, existe uma abertura, uma parte dum órgão interno que precisa de ser cuidado e a nossa energia, pelo menos, contida ou protegida.
É importante preparar as jovens para o dia afortunado em que terão o período. Celebrar como num ritual de iniciação de uma jovem que já é fecunda e vai ter muitos prazeres.
Algumas das activistas estão mesmo a introduzir formas de celebrar a primeira menarca com prendas, festa, anúncios, partilha de segredos relacionados com a sexualidade, porque até ali a inocência da criança estava preservada.
As meninas depois já podem entrar na Tenda Vermelha e aproximarem-se dos seus sonhos e da sua realização como mulheres. Iniciaria a sua participação na Tenda Vermelha como aprendiz ou observadora. Para quem já cresceu e acumulou experiências, a Tenda Vermelha torna-se mais importante para soltar problemas que acumula durante o resto do mês.
É um sítio que oferece muitas oportunidades porque existe tempo e disponibilidade para aprender, partilhar, mimar e podem fazer-se qualquer tipo de actividades como meditar, dançar, orar, dormir, falar, ouvir, jogar às cartas, escrever, desenhar. O que as presentes decidirem fazer.
É um espaço seguro e aconchegado para que a mulher se abra e partilhe segredos que tem carregado sozinha toda a vida. Algumas experiências ou traumas passados, medos que afectam até as gerações futuras: tudo vem à superfície e percebe-se que muitas mulheres passaram pelo mesmo. Quebram-se tabus e sentimo-nos ouvidas, importantes. Aquelas que se sentem melhor dão, as outras recebem. Depende daquilo que cada pessoa está disposta a oferecer.
Não há hierarquia, sentamo-nos em círculo e qualquer uma pode propor ou expressar uma necessidade sua.
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